JUSTIÇA – Filipe Martins se diz vítima de delação de Mauro Cid em investigação sobre plano golpista para manter Bolsonaro no poder após derrota eleitoral.

Na última quinta-feira, Filipe Martins, ex-assessor da Presidência da República responsável por Assuntos Internacionais, fez declarações contundentes durante seu depoimento em um processo que investiga uma suposta trama golpista. Martins alegou que foi usado como um “bode expiatório” pelo tenente coronel Mauro Cid, que se tornou delator de um esquema que teria como objetivo manter Jair Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota nas eleições.

Em sua delação, Cid teria ligado Martins a uma reunião com os comandantes das Forças Armadas e Bolsonaro, ocorrida em 7 de dezembro. Segundo Cid, Martins apresentou uma minuta de decreto que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, Martins se defendeu por mais de quatro horas, apresentando pareceres da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) que questionavam a veracidade do testemunho de Cid. Para Martins, havia indícios de que Cid tentava proteger outros envolvidos ao implicá-lo de forma leviana.

Martins expressou sua indignação, afirmando que essa narrativa foi construída apenas com base nas palavras de Cid, deixando claro que nunca havia participado daquela reunião. O ex-assessor alegou também estar sob censura desde o início do processo, sem poder se manifestar publicamente sobre as acusações que o cercam.

O interrogatório dos réus, incluindo Martins, foi transmitido ao vivo e presidido por um juiz auxiliar do Supremo Tribunal Federal. A PGR apresentou acusações sérias contra Martins e outros cinco réus, que respondem por crimes como organização criminosa armada e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. As penas somadas podem ultrapassar os trinta anos de prisão.

Martins contestou ainda a evidência de que teria estado presente na reunião de dezembro, apresentando documentos que, segundo ele, eram provas de sua inocência. De acordo com Martins, os registros de entrada no Palácio da Alvorada continham erros, o que tornaria a acusação insustentável.

Por fim, o ex-assessor criticou a decisão da PF de solicitar sua prisão preventiva por mais de seis meses, alegando que havia uma falta de provas concretas que o vinculassem à trama golpista. Ele chamou a atenção para o fato de que sua prisão decorreu de uma suspeita de fuga, que foi posteriormente contestada por depoimentos de testemunhas que garantiram sua ausência na lista dos passageiros do voo em que Bolsonaro deixaria o Brasil. A defesa de Martins alega que a investigação foi conduzida de forma seletiva, desconsiderando evidências que provam sua inocência.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo