JUSTIÇA – Ex-servidor da Abin revela que Ramagem despachava diretamente com Bolsonaro no Palácio do Planalto, destacando prática inédita no cenário político anterior.

Nesta segunda-feira, 26 de setembro, durante uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), o servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Cristian Schneider, revelou detalhes significativos sobre a atuação do ex-diretor do órgão, Alexandre Ramagem, durante a administração de Jair Bolsonaro. Schneider, que depôs por videoconferência como testemunha de defesa do general Augusto Heleno, afirmara que Ramagem ocupava uma sala no Palácio do Planalto, onde mantinha reuniões diretas com Bolsonaro. Este fato levanta questões sobre a dinâmica de poder e a relação entre as diferentes esferas do governo, especialmente considerando que a Abin estava sob a alçada do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), liderado por Heleno.

O depoente esclareceu que a atribuição de Ramagem ao Palácio não foi uma decisão de Heleno, mas sim uma indicação direta do próprio Bolsonaro. “O ex-diretor tinha uma sala no Palácio do Planalto e tinha reuniões com o presidente da República”, relatou Schneider, ressaltando que a presença de um diretor da Abin no Planalto é algo sem precedentes. “Na verdade, pela minha experiência, a primeira vez que a Abin teve sala no Palácio do Planalto foi no governo Bolsonaro. Nos governos anteriores, não era a prática”, completou.

Além da controvérsia em torno das funções de Ramagem, vale destacar que ele enfrenta acusações sérias, incluindo o uso da estrutura da Abin para espionagem ilegal de adversários políticos de Bolsonaro. Ao lado de Ramagem, o ex-presidente e outros sete réus foram implicados em um dos núcleos centrais da chamada trama golpista, cujas ações têm sido minuciosamente examinadas pela Primeira Turma do STF.

Entre os réus que compõem esse núcleo, estão figuras influentes como Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres e outros altos oficiais do governo Bolsonaro. As fases do processo judicial incluem a oitiva de testemunhas até o início de junho, antes que os réus sejam convocados para os seus interrogatórios. A data específica para essa etapa ainda não foi definida, mas a expectativa é que novos desdobramentos da investigação continuem a trazer à tona detalhes cruciais sobre a atuação desse grupo durante o período em questão.

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