Durante sua sustentação oral, o advogado criticou a fundamentação da denúncia, sustentando que, apesar da utilização de uma minuta relacionada a uma suposta operação, não havia provas concretas que atrelassem Bolsonaro a tais eventos, incluindo o incidente de 8 de janeiro. O advogado foi incisivo, afirmando que até mesmo o delator não conseguira afirmar que o ex-presidente tinha envolvimento direto nas operações citadas. Para Vilardi, a credibilidade do delator Mauro Cid deveria ser questionada, apontando que as constantes mudanças em seus testemunhos indicariam falta de confiança em sua colaboração.
A defesa também levantou a questão do tempo e do volume de material que receberam, que somam 70 terabytes. Vilardi destacou que, enquanto a acusação teve ampla oportunidade de preparar sua argumentação, a defesa não teve acesso a muitos dos arquivos relevantes e convicentes, limitando suas chances de contestar a acusação de maneira adequada. O advogado mencionou que em uma instrução que durou menos de 15 dias, não foi possível analisar a totalidade das evidências apresentadas, colocando em dúvida a validade da acusação.
Em contrapartida, a Procuradoria-Geral da República (PGR) sustentou que, de acordo com os documentos apresentados, testemunhos e registros, existem bases suficientes para a acusação de que Bolsonaro e seus aliados estavam envolvidos em uma tentativa de golpe para se manter no poder. O procurador-geral, Paulo Gonet, argumentou que as ações e discursos do ex-presidente demonstram um padrão coordenado de incitação à militância e desinformação. O julgamento, que continuará nos próximos dias, será um marco importante na avaliação das responsabilidades de Bolsonaro em relação aos eventos ocorridos após as eleições de 2022, além de abordar questões cruciais sobre a defesa e a continuidade da democracia no país.