JUSTIÇA – Ex-prefeito Marcelo Crivella e ex-secretários têm bens bloqueados em R$ 50,5 milhões por improbidade administrativa durante gestão na pandemia de Covid-19.

A 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro tomou uma importante decisão liminar que resultou no bloqueio de até R$ 50,5 milhões em bens do ex-prefeito Marcelo Crivella, da ex-secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch Araújo, e do ex-subsecretário Ivo Remuszka Junior. A medida é parte de um processo que investiga a prática de improbidade administrativa e atos que prejudicaram a administração pública.

A ação civil pública que motivou essa decisão envolve contratos celebrados entre a gestão municipal e a empresa China Meheco Corporation. Esses contratos visavam a reestruturação de hospitais e a aquisição de equipamentos durante o período crítico da pandemia de covid-19. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), há indícios de que esses contratos foram direcionados com o objetivo de beneficiar a referida empresa, tanto em procedimentos licitatórios quanto por meio de dispensas.

O Ministério Público, em conjunto com o Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ), apontou um total estimado em R$ 68 milhões em danos aos cofres públicos. Essa cifra inclui a compra de equipamentos médicos que superaram a demanda real, perdas decorrentes de variações cambiais e preços inflacionados nas aquisições emergenciais.

Um dos trechos da ação aponta que os agentes envolvidos agiram de forma dolosa, favorecendo uma empresa estrangeira que teria ligado seu nome a pagamentos indevidos em contratos com o município, além de supostas colaborações financeiras à campanha eleitoral de Crivella.

Em resposta ao bloqueio, o gabinete de Crivella, que atualmente exerce o cargo de deputado federal, se manifestou afirmando que a cidade do Rio de Janeiro foi a única do mundo a receber, durante a pandemia, uma quantidade significativa de equipamentos, incluindo 27 tomógrafos e 800 respiradores, além de um hospital de campanha com 500 leitos, sendo 100 deles de UTI. A nota também ressalta que as compras de materiais foram realizadas antes da pandemia, a preços muito inferiores aos praticados naquele período.

Por fim, a defesa de Crivella informou que está aguardando a notificação oficial para preparar um recurso contra a decisão. Até o momento, não foi possível estabelecer contato com os outros citados na ação.

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