Tarcísio, frequentemente cotado como um potencial candidato representando o bolsonarismo nas próximas eleições presidenciais, enfatizou que “jamais” ouviu qualquer menção de Bolsonaro sobre planos de golpe ou ruptura, tanto em períodos precedentes às eleições quanto após. Ele relatou visitas ao ex-presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde reitera que as conversas estavam distantes de temas relacionados a ações golpistas. Segundo ele, durante esses encontros, a saúde emocional de Bolsonaro era um tópico significativo, com o ex-presidente demonstrando sinais de depressão e desinteresse pela situação política do país após a derrota eleitoral.
Ciro Nogueira corroborou a posição de Tarcísio, afirmando que em todas as suas interações com Bolsonaro, não houve qualquer menção a planos de ruptura. O ex-ministro destacou que seu trabalho se concentrou em garantir uma transição tranquila de governo, com ordens do ex-presidente voltadas para a normalidade do processo. Nogueira ainda relatou que Bolsonaro enfrentou um período de tristeza após perder as eleições, mas que nunca teve a intenção de criar obstáculos na transição de poder.
No mesmo dia, estava programado o depoimento de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro; contudo, ele foi dispensado pela defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e réu no caso. Embora Valdemar tenha sido indiciado pela Polícia Federal por sua relação com a suposta trama golpista, ele não foi incluído nas denúncias da Procuradoria-Geral da República.
Além disso, outros ex-ministros, como Gilson Machado e Eduardo Pazuello, também foram dispensados como testemunhas pela defesa, assim como o advogado Amaury Feres Saad, um dos citados como mentor de um decreto com teor golpista, mas que não foi formalmente denunciado.
A audiência está inserida em um contexto jurídico mais amplo, onde a ação penal 2668 foi instaurada após o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia da Procuradoria com relação ao que eles chamam de núcleo “crucial” do golpe. Os réus incluem Bolsonaro e outros sete ex-assessores e ministros, enquanto as audiências seguem até o início de junho, todas presididas pelo ministro Moraes, que tem restringido gravações das sessões.