JUSTIÇA – Ex-diretor da PRF nega acusações de blitzes ilegais para barrar eleitores de Lula durante as eleições de 2022; julgamento está previsto para o segundo semestre.

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, apresentou nesta quinta-feira (24) sua defesa em relação às acusações de que teria ordenado a realização de blitzes ilegais no Nordeste durante as eleições de 2022, com o intuito de impedir o deslocamento de eleitores que apoiavam o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Vasques, um dos réus no núcleo 2 da ação penal sobre a suposta trama golpista, foi interrogado pelo juiz Rafael Tamai, designado auxiliar do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que está à frente do caso.

Durante o interrogatório, Vasques negou as alegações, afirmando que as operações foram realizadas com o objetivo de prevenir crimes eleitorais, como o transporte irregular de eleitores e o fechamento de rodovias em todo o Brasil, e não apenas no Nordeste, onde Lula teve um desempenho eleitoral mais favorável em comparação ao então presidente Jair Bolsonaro. Ele ressaltou que não havia diretrizes do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, também réu no processo, que justificassem a adoção de ações ilegais.

“O que recebi como determinações, entendi que deveria acatar, sempre no respeito ao meu dever legal”, declarou Vasques. Segundo ele, não identificou nenhuma ilegalidade nas instruções do ministro e afirmou que suas ações à frente da PRF estavam em conformidade com a lei.

Atualmente, o interrogatório dos réus representa uma das etapas finais deste processo, com a expectativa de que o julgamento, que poderá levar à condenação ou absolvição dos acusados do núcleo 2, ocorra no segundo semestre deste ano. A denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) é estruturada em quatro núcleos. O primeiro núcleo, que inclui Jair Bolsonaro e outros sete réus, já passou por interrogatórios no mês passado e se encontra na fase final de alegações, prevista para ser julgada em setembro.

Dados coletados durante a investigação indicam que a atuação da PRF foi desproporcional no Nordeste durante o segundo turno das eleições. No dia 30 de outubro de 2022, foram mobilizados 795 policiais na região nordestina, em contraste com 230 na Região Norte, 381 no Centro-Oeste, 418 no Sul e 528 no Sudeste. O número de ônibus parados nas blitzes na região também foi elevado, com 2.185 veículos retidos, superando consideravelmente as cifras de outras regiões, onde os números foram de 310 (Norte), 571 (Sudeste), 632 (Sul) e 893 (Centro-Oeste).

A investigação e os desdobramentos desse caso continuam a suscitar interesse público e a questionar os limites das operações policiais em períodos eleitorais.

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