JUSTIÇA – Ex-diretor da PRF admite blitze em ônibus de eleitores, mas nega viés político durante depoimento no STF sobre operação no segundo turno de 2022.

Na última terça-feira, o ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) em um caso envolvendo a atuação da corporação durante o segundo turno da eleição presidencial de 2022. Moura afirmou que a PRF realizou blitze na Região Nordeste com o intuito de fiscalizar ônibus que transportavam eleitores. No entanto, ele negou qualquer indício de que a operação tivesse um viés político.

O testemunho de Moura ocorreu no contexto da defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que é réu em um processo relacionado a uma suposta tentativa de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante o depoimento, o ex-diretor confirmou que a PRF intensificou a fiscalização do transporte de eleitores no fim de semana que antecedeu a votação.

Em um momento crítico, o ministro Alexandre de Moraes, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época, ordenou a suspensão das fiscalizações no transporte de eleitores, após a divulgação de informações sugerindo que as blitze estavam sendo utilizadas para fins políticos contra os apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva, adversário de Bolsonaro. Apesar dessa ordem, Moura explicou que a cúpula da PRF interpretou que a determinação de Moraes se referia apenas ao transporte de passageiros e não às fiscalizações relativas a infrações do Código de Trânsito Brasileiro, que continuaram a ser aplicadas.

O ex-diretor acrescentou que as operações estavam programadas antes da decisão de Moraes e que visavam cumprir uma determinação do STF para assegurar a regularidade do transporte eleitoral. Ele sustentou que não houve preocupações com o transporte de eleitores nas blitze, ressaltando que a maioria dos veículos fiscalizados não enfrentou longas interrupções.

Adicionalmente, Moura confirmou que ocorreram reuniões no Ministério da Justiça, onde Anderson Torres solicitou um reforço no efetivo policial nas ruas. Apesar disso, ele negou qualquer direcionamento político nas discussões. Em julho de 2022, meses antes das eleições, Moura revelou que foi determinada uma operação para investigar ônibus saindo de São Paulo e da região Centro-Oeste em direção ao Nordeste, onde os eleitores poderiam estar sendo transportados, justificando que tais fiscalizações são práticas comuns em períodos eleitorais.

Essa sequência de depoimentos faz parte de uma ampla investigação sobre um suposto plano golpista, com a participação de Anderson Torres sendo um dos focos centrais do processo. A defesa do ex-ministro afirma que suas ações foram dentro da legalidade e não estavam vinculadas a qualquer conspiração. As audiências para ouvir testemunhas de defesa estão programadas, com um total de 25 sendo arroladas no processo.

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