De acordo com os investigadores, Carlos e Jair Bolsonaro teriam se envolvido em uma organização criminosa com o objetivo de conduzir ações de espionagem clandestina dirigidas a opositores do governo. Embora o ex-presidente não tenha sido indiciado neste caso específico, ele enfrenta outras acusações relacionadas ao uso clandestino da Abin em uma ação penal que está tramitando no STF.
O erro contundente na operação de monitoramento ocorreu quando o agente de inteligência Thiago Gomes Quinalia fez três buscas pelo nome de Alexandre de Moraes Soares em um sistema de monitoramento chamado Firstmile. Essas pesquisas, realizadas em 19 de maio de 2019, foram analisadas pela PF como um erro circunstancial dentro do contexto do esquema de espionagem que estava sendo executado.
A investigação revela que, paralelamente a essa busca equivocada, o inquérito das fake news, também sob responsabilidade de Moraes, estava sendo aberto para apurar a disseminação de desinformação durante o governo anterior. A coincidência de datas levanta questões sobre o funcionamento da Abin e a utilização de sistemas ilegítimos para realizar consultas.
Após a divulgação do relatório, Carlos Bolsonaro utilizou suas redes sociais para insinuar que o indiciamento teria motivações políticas, insinuações que ressaltam a tensão entre o atual governo e as acusações que continuam a pairar sobre sua família. O agente que foi responsável pela pesquisa em questão deixou o serviço público no ano passado, e suas informações atuais permanecem desconhecidas, o que levanta mais interrogações sobre os procedimentos internos da Abin e a accountability de suas operações.
As revelações continuam a impactar o panorama político, evidenciando as fragilidades de um sistema que deveria ser de inteligência, mas que, sob certas gestões, parece ter se tornado um instrumento de vigilância sobre adversários políticos.