De acordo com uma nota divulgada pelo escritório, as mineradoras teriam atuado de forma coordenada para prejudicar os direitos das pessoas afetadas, burlando representações legais legítimas e comprometendo a força dos processos internacionais de reparação. A acusação implica que, desde o início do julgamento em Londres em outubro de 2024, as mineradoras intensificaram negociações com as vítimas, ignorando contratos de representação que já estavam em vigor com o Pogust Goodhead.
O escritório está pleiteando uma indenização considerável de £1,3 bilhão (aproximadamente R$ 9,8 bilhões), que corresponde também a honorários não pagos decorrentes de acordos feitos sem a participação do escritório. Os advogados argumentam que esses acordos foram facilitados pela pressão de processos internacionais em que eles estão envolvidos. Além disso, a notificação destaca que as negociações realizadas no Brasil estavam condicionadas à desistência de ações em instâncias internacionais, atestando que, caso não houvesse essa interferência, os requerentes teriam provavelmente continuado suas reivindicações no Reino Unido e na Holanda, possivelmente obtendo indenizações superiores.
O primeiro prazo do julgamento na Corte inglesa, que busca a responsabilização da BHP pelo rompimento da barragem, foi concluído em março de 2025, após 13 semanas de audiências, com a expectativa de que uma decisão seja anunciada ainda neste ano. Além disso, uma ação semelhante já avança na Holanda contra a Vale e a Samarco Iron Ore Europe B.V., com o suporte do escritório Pogust Goodhead em parceria com um escritório jurídico local, representando 75 mil vítimas.
Recentemente, um grupo de autoridades, incluindo o Ministério Público Federal e Defensorias Públicas de Minas Gerais e Espírito Santo, enviou um ofício à Samarco pedindo a reabertura do Programa Indenizatório Definitivo (PID), criado para oferecer indenizações a indivíduos e empresas afetadas pelo desastre. O programa, que oferece uma compensação única de R$ 35 mil, teve seu prazo de adesão encerrado em julho, mas muitos atingidos não conseguiram completar a inscrição, citando dúvidas sobre cláusulas contratuais e acordos com advogados.
Em resposta a esses desdobramentos, a BHP reafirmou que o Brasil é o local mais adequado para as ações de compensação e reparação e contestou as alegações feitas pelo Pogust Goodhead. A mineradora sustentou que diversos programas de indenização e reparação estão sendo implementados desde 2015, com supervisão das autoridades brasileiras. Até agora, foram destinados cerca de R$ 59 bilhões para as atividades de reparação, com um compromisso adicional de R$ 111 bilhões ao longo de 20 anos. Samarco e Vale, no entanto, optaram por não se pronunciar sobre a nova ação do escritório britânico.