Esse cenário levanta questionamentos sobre a prática de autofinanciamento de pesquisas eleitorais, uma vez que as empresas que prestam esses serviços têm como principal fonte de receita a venda dos mesmos. O cientista político João Francisco Meira, sócio-diretor do instituto Vox Populi e membro do conselho superior da Abep, classificou a situação como um “verdadeiro escândalo nacional”.
A realização de pesquisas autofinanciadas não é ilegal, e está prevista em uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emitida em fevereiro deste ano. No entanto, as empresas devem informar o valor e a origem dos recursos, além de apresentar um demonstrativo financeiro do ano anterior às eleições.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) é uma das entidades responsáveis por fiscalizar e investigar possíveis irregularidades nas pesquisas eleitorais. Apesar de o autofinanciamento por si só não configurar ilegalidade, o MPE reconhece que práticas fraudulentas podem ser identificadas nesse contexto.
Além disso, há suspeitas de que as pesquisas autofinanciadas possam ser utilizadas como ferramentas de publicidade política para favorecer ou prejudicar determinados candidatos antes mesmo das convenções partidárias. O fundador do Instituto Grupom, Mario Rodrigues Filho, manifestou preocupação com a possibilidade de que se utilizem de sua empresa como plataforma de promoção política.
A Abep irá produzir uma nova planilha com dados atualizados sobre as pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral até o final de maio, visando a manter a transparência e a integridade do processo eleitoral no país.