JUSTIÇA – Desembargadores do Paraná anulam condenações de réus do caso Evandro, ocorridas há 29 anos; quatro acusados são absolvidos.



Os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná causaram polêmica ao anularem as condenações dos quatro acusados de matar o garoto Evandro Ramos Caetano, de seis anos de idade, em 1992, na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná. O novo julgamento, que terminou com a absolvição dos réus, ocorreu nesta quinta-feira (9) durante a revisão criminal realizada a pedido da defesa dos réus.

Após mais de quatro horas de sessão, os desembargadores absolveram Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares, Osvaldo Marcineiro e Vicente de Paula Ferreira por três votos a favor e dois contrários. O processo integral tem cerca de 152,5 mil páginas, incluindo cinco julgamentos.

O primeiro julgamento durou 34 dias e ficou conhecido como o julgamento do tribunal do júri mais longo da história brasileira. Beatriz e sua mãe, a ex-primeira dama de Guaratuba, Celina Abagge, foram julgadas e inocentadas da acusação de encomendar a morte de Evandro para a realização de um suposto ritual satânico.

Ao longo dos anos, diversos julgamentos e condenações ocorreram e, em março de 2020, o jornalista Ivan Mizanzuk tornou públicos áudios que reforçaram a tese de que policiais torturaram os réus para que assumissem ter matado Evandro. As gravações obtidas pelo jornalista foram divulgadas na série do podcast Projetos Humanos, de Mizanzuk, dedicada ao caso. Com base nos áudios divulgados por Mizanzuk, os advogados dos réus pediram a revisão das sentenças proferidas anteriormente.

O relator do caso, o desembargador Miguel Kfouri Neto, alegou que as novas fitas que instruíram o pedido revisional, e às quais a defesa não tinha tido acesso durante os primeiros julgamentos, deveriam ser submetidas a novas perícias.

Ele também destacou a importância de uma perícia que esclarecesse as contradições do perito e justificou seu voto contrário à revisão das penas, alegando que, ao condenar os réus, o júri levou em conta outras provas e informações além da fita e da confissão de culpa dos réus.

O voto de Kfouri Neto contra a revisão foi acompanhado pela desembargadora Lidia Maejima. Votaram a favor da absolvição os desembargadores Adalberto Jorge Xisto Pereira, Gamaliel Seme Scaff e Sergio Luiz Patitucci, sob a justificativa de que os réus foram torturados e, portanto, suas confissões não têm valor legal. As polêmicas ao redor do caso prometem continuar a provocar debate e revisões no cenário judiciário do Paraná.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo