JUSTIÇA – Desembargador preso no Rio é transferido para cadeias após confirmação de prisão por envolvimento em esquema de vazamento de informações sigilosas.

Na última terça-feira, o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi detido em uma operação da Polícia Federal e transferido para a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, no Rio de Janeiro, no dia seguinte. Júdice Neto passou a noite na Superintendência da Polícia Federal após ter sua prisão preventiva ratificada durante uma audiência de custódia.

O magistrado é alvo de investigações relacionadas à segunda fase da Operação Unha e Carne, que já havia impactado o cenário político do estado com a prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, detido por supostamente vazar informações de uma investigação da PF. Bacellar teria passado dados sigilosos ao colega deputado TH Jóias, implicado em atividades criminosas ligadas ao Comando Vermelho.

Enquanto Bacellar conseguiu obter liberdade e mantém seu cargo, ele foi obrigado a cumprir medidas cautelares rigorosas: o uso de tornozeleira eletrônica, a entrega de passaporte, e restrições significativas de circulação após as 19h, exceto em caso de sessões na Alerj que se estendam além desse horário. Sua saída da presidência da Alerj foi determinada pelo Ministro Alexandre de Moraes, que também autorizou as investigações em curso.

Essa nova fase da Operação une aspectos da Operação Zargun, que já havia prendido TH Jóias e outras 14 pessoas por suas ligações com facções criminosas. A Polícia Federal investiga a suposta troca de informações entre Júdice Neto e Bacellar, com indícios de que a relação entre eles é próxima.

O Supremo Tribunal Federal autorizou as ações, iniciando um processo sob a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635/RJ, que busca entender a ligação entre grupos criminosos e agentes públicos no estado.

A análise da denúncia contra TH Jóias e demais envolvidos, oriunda da Operação Zargun, ocorrerá na quinta-feira, com a primeira seção especializada do TRF-2 no comando do desembargador Júlio de Castilhos, que assumiu a relatoria em substituição a Júdice Neto, atualmente afastado. O ambiente político e judicial continua em ebulição, com desdobramentos que podem afetar significativamente o cenário institucional no Rio de Janeiro.

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