JUSTIÇA – Deputados confirmam novos desdobramentos em acareação no STF sobre suposto golpe de Estado na era Bolsonaro, envolvendo monitoramentos e minutas de decretos golpistas.

Na última quarta-feira, o tenente-coronel Mauro Cid participou de uma acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), onde reafirmou depoimentos anteriores e concordou em adicionar esclarecimentos que beneficiam o coronel Marcelo Câmara. Ambos são réus em uma das ações penais vinculadas a uma suposta tentativa de golpe de Estado que visava manter Jair Bolsonaro na presidência.

A acareação, realizada a pedido da defesa de Câmara, durou cerca de 50 minutos e colocaram os dois frente a frente para dirimir divergências em suas versões sobre fatos centrais da investigação. Durante o depoimento, Cid afirmou com firmeza que Câmara tinha conhecimento da existência de uma minuta de decreto com conotação golpista que estava circulando entre os envolvidos. No entanto, ele se esquivou de confirmar se o documento de que Câmara sabia era o mesmo apresentado pelo ex-assessor Filipe Martins a Bolsonaro.

Adicionalmente, Cid mencionou que Câmara esteve envolvido em ações de monitoramento que incluíam o atual ministro Alexandre de Moraes e os então eleitos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, mas, ao mesmo tempo, se absteve de afirmar que Câmara tinha consciência das operações que ficavam a cargo do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, supostamente voltado para neutralizar os alvos citados.

Por sua vez, Câmara defendeu sua posição, esclarecendo que qualquer monitoramento realizado por ele tinha como objetivo “acertar agendas” e não tinha ligação com intenções golpistas. O advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, se mostrou otimista após a acareação, acreditando que os esclarecimentos iriam contribuir para a absolvição do ex-assessor, ressaltando que não houve evidências de qualquer monitoramento que pudesse apontar para um ataque ao ministro Moraes.

Câmara atualmente se encontra em prisão preventiva em uma penitenciária em Brasília e foi escoltado até o STF para a acareação. Após o procedimento, sua defesa reiterou o pedido para que ele aguardasse o julgamento em liberdade. O ministro Moraes solicitou um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o pedido de liberdade, mas já autorizou que Câmara tenha acesso a um computador na prisão para preparar sua autodefesa.

Esta acareação faz parte de uma ação penal que envolve um grupo de cinco réus, apontados pela PGR como responsáveis por ações relacionadas à organização criminosa. Entre os crimes pelos quais foram denunciados estão golpe de Estado, tentativa violenta de abolir o Estado Democrático de Direito, entre outros. Os réus fazem parte de um núcleo investigativo que inclui ex-assessores de Bolsonaro, diretores da Polícia Rodoviária Federal e outros membros do governo.

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