O Acampamento Terra Livre reúne mais de sete mil indígenas de diversas regiões do país, que se mobilizaram para uma marcha pacífica intitulada A Resposta Somos Nós, em protesto contra a Lei do Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas e a Câmara de Conciliação do STF. Entretanto, a marcha foi reprimida pela polícia nas proximidades do Congresso Nacional, segundo relatos da deputada.
Célia Xakriabá descreveu a ação policial como desproporcional, relatando ter sido atingida por gás de pimenta e gás lacrimogêneo lançados por integrantes da Polícia Legislativa do Congresso Nacional e da Polícia Militar do Distrito Federal. Além disso, a deputada foi impedida de acessar o Congresso Nacional, mesmo após se identificar como parlamentar, o que configurou um cenário de violência política, de gênero e de racismo.
A representação criminal apresentada pela deputada inclui acusações de racismo, violência política e de gênero, lesão corporal e omissão de socorro. Célia também destacou uma gravação de uma reunião prévia da Secretaria de Segurança Pública do DF, na qual um participante identificado como “iPhoneDeca” teria feito declarações incitando a violência.
A repercussão da ação policial foi imediata entre parlamentares, membros do governo e lideranças indígenas. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, repudiou veementemente a violência, ressaltando a importância da mobilização do ATL. Da mesma forma, a ex-ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, manifestou solidariedade a Célia Xakriabá e aos demais manifestantes agredidos.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também se pronunciou sobre o ocorrido, criticando o uso desnecessário de força policial e substâncias químicas, e exigindo a responsabilização dos envolvidos. O Cimi reforçou a importância da luta dos povos indígenas e expressou solidariedade à deputada Célia Xakriabá e aos demais afetados pela violência.
Diante do cenário de repressão e violência, as deputadas Talíria Petroni (PSOL-RJ) e Erika Hilton (PSOL-SP) se pronunciaram contra a ação policial, exigindo respostas dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Enquanto isso, a assessoria da Câmara e do Senado se manifestaram, justificando a atuação das forças de segurança para conter a invasão do gramado do Congresso, alegando a necessidade de manter a ordem e a segurança das instalações.
Diante de toda essa controvérsia, a deputada Célia Xakriabá busca por meio da representação criminal no STF a investigação e punição dos responsáveis pelos atos de violência, bem como o acesso às gravações das operações policiais e um pedido público de desculpas por parte do Governo do Distrito Federal. A mobilização em torno deste episódio reforça a importância da defesa dos direitos dos povos indígenas e a necessidade de garantir o respeito às manifestações pacíficas e legítimas.