JUSTIÇA – “Deputada Lucinha e ex-assessora tornadas rés por ligação com milícia no Rio de Janeiro”

Na última segunda-feira, dia 15, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu aceitar a denúncia apresentada pelo Ministério Público, levando a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, popularmente conhecida como deputada Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar Ariane Afonso Lima a serem processadas. Ambas enfrentam graves acusações relacionadas ao envolvimento com a milícia que opera sob o nome de “Bonde do Zinho” ou “Família Braga”. Essa organização criminosa é conhecida por atuar em diversas áreas da zona oeste da cidade, abrangendo bairros como Campo Grande, Paciência, Cosmos, Inhoaíba, Guaratiba e Santa Cruz.

De acordo com as alegações, Lucinha e Ariane teriam exercido influência política em favor dos milicianos. Um dos episódios mais preocupantes ocorreu em julho de 2021, quando elas teriam fornecido informações sigilosas sobre a agenda de visitas do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, permitindo que membros da milícia se retirassem das ruas durante a presença do gestor municipal. Além disso, as denunciadas tentaram interceder junto ao prefeito e outras autoridades para manter a chamada “Brecha da P5” no transporte público alternativo. Essa brecha representa uma significativa fonte de renda direta para a milícia, possibilitando que operassem fora dos itinerários impostos, aumentando assim sua arrecadação.

As investigações também revelaram que as acusadas obtiveram dados privilegiados sobre crimes que estavam sendo investigados, com o intuito de interferir diretamente nas apurações, direcionando a linha de investigação. Em um caso concreto, em novembro de 2021, a deputada teria auxiliado membros do grupo miliciano que foram presos em flagrante a conseguir a liberdade.

Entre junho de 2021 e março de 2022, as duas mantiveram encontros regulares com líderes da milícia, incluindo Zinho, a fim de delinear estratégias de influência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Lucinha, em uma atitude que levanta ainda mais suspeitas, nomeou em seu gabinete integrantes e familiares de membros da organização criminosa durante o período entre 2021 e 2023.

Em um desdobramento mais recente, no final de 2023, uma operação da Polícia Federal trouxe à tona as ligações da deputada com a milícia, levando a uma ordem judicial de afastamento do cargo. Contudo, essa medida foi revertida por um grupo de deputados estaduais, que reintegraram Lucinha à Alerj. Atualmente, ela e sua ex-assessora respondem pela constituição de milícia privada, conforme o artigo 288-A do Código Penal, cujas penas variam de 5 a 10 anos de prisão, além de multa e perda da função pública. O desfecho desse caso poderá ter implicações significativas para a política carioca e a luta contra a corrupção e a violência no estado.

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