Os depoimentos fazem parte de um inquérito que investiga as negociações para a venda do Banco Master ao BRB, um banco público do Distrito Federal. Essa transação atraiu a atenção das autoridades devido ao timing crítico, já que o BRB manifestou interesse em adquirir o banco pouco antes do BC decretar sua falência extrajudicial. Diversas suspeitas cercam a viabilidade dessa operação.
Paulo Henrique Costa, que já foi afastado da presidência do BRB por determinação judicial, e Vorcaro são também alvos da Operação Compliance Zero, que investiga a concessão de créditos falsificados, levantando a possibilidade de um rombo de R$ 17 bilhões com títulos fabricados. As oitivas foram solicitadas pelo ministro Dias Toffoli, que inicialmente desejava promover uma acareação—um confronto entre os envolvidos—mas decidiu que essa etapa só ocorrerá se a Polícia Federal considerar pertinente.
Embora Ailton de Aquino não seja investigado, seu depoimento é considerado crucial pelo ministro, dada a importância do BC na regulação do sistema financeiro. Até o momento, as defesas de Vorcaro e Costa optaram por não comentar o processo que está sob sigilo, enquanto o Banco Central também se absteve de fazer declarações sobre o depoimento de seu diretor.
No mês de março, o BRB havia anunciado sua intenção de adquirir o Banco Master por R$ 2 bilhões, quantia que representava 75% do patrimônio consolidado da instituição. Contudo, o mercado financeiro ficou alerta, pois as práticas de Vorcaro já eram alvo de desconfiança. Em setembro, o Banco Central bloqueou a compra e, em novembro, o Banco Master foi declarado falido.
A Operação Compliance Zero, que teve início em 2024, visa apurar a emissão de títulos falsos, com a suspeita de que várias instituições estivessem criando operações de crédito fictícias. Após a aprovação de suas contabilidades, essas instituições trocavam os créditos fraudulentos por ativos sem acompanhamento técnico adequado. O Banco Master é o foco principal dessa investigação, que foi instaurada a pedido do Ministério Público Federal. O BRB, por sua vez, comunicou que sempre agiu dentro das normas de compliance e transparência durante as negociações.







