As investigações tiveram início no ano passado como desdobramento da Operação Última Milha, que foi deflagrada em 11 de julho de 2023. A Abin, serviço de inteligência civil do Brasil vinculado diretamente ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, está sob suspeita de ter sido utilizada ilegalmente para espionar autoridades e desafetos políticos durante o governo Bolsonaro. O ex-presidente também está sendo investigado nesse caso.
O depoimento de Ramagem ocorre após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir derrubar o sigilo de uma gravação feita pelo delegado em uma reunião realizada em agosto de 2020, na qual estavam presentes Jair Bolsonaro, o então ministro do GSI Augusto Heleno e advogadas do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente. A gravação revelou conversas sobre o uso de órgãos oficiais para influenciar o encerramento de uma investigação contra o senador.
O áudio foi encontrado pela Polícia Federal em um computador apreendido em endereços ligados a Ramagem, levantando dúvidas sobre se a gravação foi realizada sem o conhecimento dos demais participantes. Após a queda do sigilo, Ramagem afirmou que Bolsonaro tinha conhecimento da gravação.
Além de sua atuação como delegado federal, Ramagem é pré-candidato pelo PL à prefeitura do Rio de Janeiro e conta com o apoio de Jair Bolsonaro. Mesmo com a divulgação do áudio da reunião, os dois apareceram juntos em um vídeo nas redes sociais do deputado federal Sóstenes Cavalcante, convocando para agendas públicas que realizarão nos próximos dias na capital federal.