JUSTIÇA – Delegado do Rio é Denunciado por Racismo e Condenado por Obstrução de Justiça


Delegado Maurício Demétrio é Denunciado por Discriminação e Injúria Racial pelo MPRJ

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) formalizou uma denúncia contra o delegado de Polícia Civil, Maurício Demétrio Afonso Alves, pelos crimes de discriminação e injúria racial. Segundo a denúncia, o delegado teria protagonizado três episódios de manifestações racistas e pejorativas contra pessoas negras.

As declarações discriminatórias de Demétrio foram registradas em conversas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. Em um dos episódios, datado de outubro de 2018, o delegado chamou uma colega aposentada de "macaca" e "criola". Em um incidente posterior, ocorrido em 2020, Demétrio usou a expressão "tinha que ser preto" ao referir-se ao então ministro da Educação.

Outro momento relatado pela denúncia ocorreu em março de 2018, quando Demétrio, em tom de deboche, mencionou a morte da vereadora Marielle Franco de maneira que, conforme demonstrado nas provas, evidenciava preconceito racial, visto que Marielle era uma mulher negra.

Além de buscar a condenação do delegado pelos crimes mencionados, o MPRJ pede que Maurício Demétrio Afonso Alves seja condenado a pagar R$ 100 mil como reparação por danos morais à delegada ofendida, além de R$ 100 mil a título de dano moral coletivo.

Histórico de Condenações

Maurício Demétrio já possui um histórico de condenações. Em janeiro deste ano, o delegado, que está preso desde 2021, foi sentenciado a 9 anos e 7 meses de prisão por obstrução de Justiça. Além da pena privativa de liberdade, a condenação inclui a perda do cargo público e pagamento de 52 dias-multa.

A sentença aponta que Demétrio estava envolvido em um esquema complexo, que incluía a instauração de procedimentos policiais e administrativos fraudulentos e manipulação da imprensa. Esse comportamento contradiz a responsabilidade de um delegado, que deveria zelar pela integridade das investigações criminais.

O alto padrão de vida de Maurício Demétrio também foi destacado na decisão judicial. A investigação revelou um padrão de consumo elevado, com despesas consideráveis em aluguéis de mansões, uso de lanchas, e viagens internacionais frequentes.

Demétrio foi preso no exercício da função de titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Ele é acusado de liderar um esquema de cobrança de propina de lojistas no conhecido comércio de roupas da Rua Teresa, localizada em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

Esse conjunto de denúncias e condenações coloca em evidência um padrão comportamental preocupante de um servidor público que, em vez de servir à Justiça, parece reiteradamente comprometer sua integridade. O caso serve como um alerta para práticas racistas e corruptas dentro das instituições que deveriam proteger e promover a equidade.

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