JUSTIÇA – Delegado da PF nega omissão durante atos golpistas de 8 de janeiro e critica descumprimento de protocolo de segurança pela Polícia Militar do DF.

Na última quinta-feira, o delegado da Polícia Federal Fernando de Souza Oliveira refutou as alegações de omissão durante os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando atuava como secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Em depoimento prestado em uma audiência sobre os atos golpistas ocorridos naquele dia, Oliveira enfatizou que sua atuação foi proativa e que não se acovardou frente à crise.

Oliveira destacou que o descumprimento do planejamento conjunto acordado com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi um fator crucial para a falha na segurança dos prédios públicos, que foram alvos de vandalismo na Praça dos Três Poderes. Ele expressou perplexidade quanto à inação da PM, que, segundo ele, não seguiu os protocolos estabelecidos no Plano de Ação Integrada (PAI).

“Não sei por que a PM não cumpriu nada que foi estabelecido no PAI”, declarou Oliveira, evidenciando a sua indignação diante da situação. Durante seu depoimento, onde fazia parte de um grupo de seis réus acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ações golpistas, o delegado situou suas ações entre a hora do almoço e o início dos ataques. Ele alegou que, ao perceber a gravidade da situação, teve a iniciativa de requisitar reforços das forças de segurança para proteger os prédios ameaçados.

Oliveira também mencionou que soube pela mídia que o então secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, havia viajado para fora do país, mesmo com alertas sobre a possibilidade de atos violentos. Ele questionou a decisão de Torres, que confiou na eficácia do planejamento. “Ele disse que demonstrava confiança na PMDF e no PAI”, afirmou.

Adicionalmente, Oliveira foi acusado de, durante sua passagem pelo Ministério da Justiça, ter se alinhado com objetivos golpistas e de direcionar esforços para difamar adversários políticos, o que negou veementemente. Ele sustentou que sua escolha para atuar em Brasília foi baseada em motivos pessoais e profissionais que nada tinham a ver com questões políticas. “Jamais arriscaria minha vida profissional em prol de qualquer ação de qualquer pessoa que não conheço”, concluiu.

O depoimento foi apenas uma das etapas de um processo criminal que tem atraído grande atenção pública, à medida que os implicados respondem por grave acusações, incluindo tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. A audiência, conduzida por videoconferência, também contou com o interrogatório de outros réus, seguindo a ordem alfabética, e foi presidida por um juiz auxiliar do Supremo Tribunal Federal, que acompanha o caso. O desfecho dessa audiência pode ter amplas repercussões para o futuro político e social do país.

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