Durante o julgamento, o advogado Luiz Eduardo Kuntz estabeleceu a conexão existente entre Câmara e o ex-presidente, porém ressaltou que as atividades do coronel eram estritamente administrativas. Kuntz explicou que os levantamentos feitos por Câmara se baseavam apenas em fontes abertas e atendiam às solicitações de Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens de Bolsonaro e atualmente é delator. Um dos pontos controversos mencionados envolveu mensagens em que Câmara teria informado Cid sobre a presença de Moraes em São Paulo, referindo-se a ele de forma peculiar como “professora”, fato que teria ocorrido em dezembro de 2022.
O advogado também destacou que as tarefas de Câmara eram voltadas para a coordenação logística, a fim de garantir que encontros de Bolsonaro não estivessem em situações de risco. Kuntz citou um exemplo em que Câmara teria alertado sobre um encontro do ex-presidente com um traficante no Norte do país, salvaguardando assim a segurança do chefe do Executivo.
Ademais, a defesa negou quaisquer vínculos de Câmara com o denominado plano Punhal Verde Amarelo, que, segundo a PGR, consistia em um esquema que visava assassinar Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Kuntz insistiu que Câmara não atuou como espião e desconhecia qualquer intenção criminosa, afirmando que, caso soubesse de atividades ilícitas, haveria tomado medidas para impedi-las.
A audiência prossegue com a apresentação das sustentações das defesas dos outros réus envolvidos no caso, que incluem figuras proeminentes do governo Bolsonaro. Além de Marcelo Câmara, estão na lista Filipe Martins, Silvinei Vasques, Mário Fernandes, Marília de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira. Todos enfrentam sérias acusações, que vão desde organização criminosa até tentativas de desestabilização do Estado democrático de direito.
