O advogado destacou que Mauro Cid, que ficou quatro meses preso, enfrentou pressão e até verbalizou que não estava atuando voluntariamente durante sua colaboração com as autoridades. Juca enfatizou que Cid alterou suas declarações diversas vezes, chegando a apresentar 15 versões diferentes sobre os fatos que estão sendo investigados. Uma das acusações mais graves implica que o general teria recebido uma quantia em dinheiro, escondida em uma sacola de vinho, para financiar uma tentativa de golpe.
No entanto, o advogado questionou a veracidade da narrativa, apontando que a alegação sobre o dinheiro apareceu 15 meses após o depoimento original de Cid, coincidentemente após seu testemunho ser colocado em cheque pelo ministro Alexandre de Moraes. Juca exclamou, indignado, que seria escandaloso supor que um delator levaria tanto tempo para comunicar um fato tão relevante às autoridades. Ele se perguntou: “É com essa mentira que meu cliente vai ser condenado a 20 anos? Que ele vai morrer na cadeia?”
Ao se dirigir diretamente a Cid, Juca não hesitou em chamar o tenente-coronel de “irresponsável” e “artista de péssima qualidade”, argumentando que a delação não tem consistência. Ele também apresentou evidências que contradizem as alegações de Cid, mencionando que as despesas relacionadas a ações consideradas golpistas foram pagas via cartão de crédito e não em dinheiro vivo, como alegado.
No esboço de defesa, Juca sublinhou que o procurador-geral da República, em suas alegações, não apresentou provas concretas além da palavra de Cid para justificar a condenação de Braga Netto, afirmando que “não se pode condenar alguém com base em narrativas, mas com base em provas”.
O julgamento, que prosseguiu na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), envolve um conjunto de réus ligados à tentativa de manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições. Entre os presentes, estavam também advogados de outros membros da antiga administração, todos defendendo suas posições diante do grave contexto legal que enfrentam, com repercussões significativas para a política nacional. A expectativa é que a sentença final seja conhecida em uma das próximas sessões, prevista para os dias que se seguem.