Durante a sustentação oral, Milanez mencionou que o relacionamento do ex-presidente com partidos do Centrão, principalmente com sua filiação ao PL, propiciou um distanciamento entre eles. Essa mudança de dinâmica, segundo o advogado, culminou em um clima no qual Heleno não discutiu ou compartilhou qualquer ideia relativa a um golpe contra o sistema democrático, especialmente em referência ao resultado das eleições de 2022.
O julgamento atual, que acontece na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), trata da acusação de uma tentativa de golpe por parte de Bolsonaro e de sete de seus aliados. A defesa argumentou que as evidências apresentadas pela Procuradoria-Geral da República não se sustentam e que, em depoimentos de servidores do GSI, fica claro que a influência de Heleno na gestão havia diminuído.
Milanez trouxe à tona uma anotação de agenda do general, na qual ele sugere que Bolsonaro deveria tomar a vacina contra a Covid-19, em um tempo em que o ex-presidente mostrava resistência a essa medida sanitária. O advogado ressaltou que esse distanciamento demonstra a falta de qualquer conluio para um golpe.
Outro ponto controverso levantado pela defesa foi uma citação em que Heleno mencionou que deveria “fazer algo antes das eleições”, o que, de acordo com Milanez, se referia a ações legítimas e não a tentativas ilegais de desestabilizar o processo eleitoral. O advogado destacou que essa frase deve ser interpretada em um contexto republicano, no qual se reconhece que “quem ganha a maioria dos votos leva”.
Além disso, a defesa criticou a manipulação de provas pela Polícia Federal e reafirmou que não existem diálogos que conectem Heleno a um planejamento golpista. O julgamento se estende ao longo de várias sessões e incluirá as sustentações de outros réus, com a expectativa de que a sentença final seja divulgada em breve. O caso é amplamente acompanhado e discutido, refletindo a ansiedade da sociedade em relação ao futuro político do país.