No seu pronunciamento, Cintra também refutou a alegação de que Ramagem teria fornecido informações enganosas para embasar afirmações feitas por Bolsonaro em transmissões ao vivo, especialmente no que diz respeito ao sistema de votação eletrônica. Segundo o advogado, os arquivos apresentados ao então presidente foram resultado de informações públicas e de discursos dele próprio, além de anotações pessoais, dissociando qualquer culpa ou responsabilidade de Ramagem nesse contexto.
Cintra enfatizou que Ramagem não agiu como uma figura orientadora para Bolsonaro, caracterizando-o mais como um compilador de ideias do presidente. O advogado ainda ressaltou que Ramagem deixou seu cargo na Abin em março de 2022, ou seja, anteriormente ao que ele chamou de “acirramento de condutas”, que se intensificou em julho do mesmo ano, um período marcado por tensões políticas e questionamentos sobre a legitimidade do sistema eleitoral.
No contexto das acusações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) argumenta que Ramagem teria colaborado com um esforço para desacreditar o sistema de votação eletrônica e participou de uma organização criminosa que auxiliou Bolsonaro na disseminação de informações falsas. Ele também é vinculado às atividades de uma suposta “Abin Paralela”, que buscaria informações contra opositores do ex-presidente e estaria ciente do monitoramento irregular.
Atualmente, Ramagem exerce a função de deputado federal e, devido à sua imunidade parlamentar, algumas acusações foram suspensas. Contudo, ele permanece respondendo a sérias acusações, incluindo golpe de Estado e organização criminosa. O julgamento, que prevê várias sessões, deve culminar em uma votação que poderá acarretar em penas severas, possivelmente ultrapassando os 30 anos de reclusão. A discussão segue adiante, com a participação dos defensores de outros réus envolvidos no caso.