JUSTIÇA – Coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, nega monitoramento ilegal de Moraes em interrogatório sobre trama golpista; julgamento dos réus deve ocorrer ainda este ano.

Na quinta-feira, 24 de agosto, o coronel do Exército Marcelo Câmara, que anteriormente atuou como assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentou sua defesa em relação a acusações de envolvimento em monitoramentos ilegais do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Câmara, atualmente sob custódia, participou de uma audiência por videoconferência, onde foi interrogado como réu no âmbito da ação penal que investiga uma suposta trama golpista que teria como objetivo garantir a permanência de Bolsonaro no poder em 2022.

O Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria-Geral da República (PGR), acusa um grupo de indivíduos, incluindo Câmara, de arquitetar ações para tentar sustentar a permanência com base em métodos ilegítimos. Durante a audiência, o juiz auxiliar de Moraes questionou Câmara sobre mensagens trocadas com Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente, que colaborou com a investigação. Apesar das implicações, Câmara reafirmou que não realizou tal monitoramento ilegal, argumentando que suas atividades se restringiam a responder a solicitações do colega militar.

Conforme a denúncia da PGR, Câmara teria enviado uma mensagem em dezembro de 2022 a Cid, referindo-se a Moraes como “professora”, uma expressão que, de acordo com ele, era uma tentativa de humor, e não um acesso sigiloso. Ele esclareceu que as informações que compartilhava, sobre os deslocamentos do ministro, tinham como principal intuito facilitar um diálogo entre o presidente e Moraes, visando a organização de agendas e evitando possíveis desavenças.

Além disso, Câmara negou qualquer envolvimento em um suposto plano denominado “Punhal Verde Amarelo”, que, segundo a PGR, seria uma estratégia para assassinar Moraes, assim como o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

O interrogatório de Câmara e dos demais réus marca uma etapa significativa do processo, que se aproxima de suas fases finais. O julgamento dos acusados do núcleo 2 deve ocorrer ainda neste ano, enquanto a primeira parte do caso, envolvendo Bolsonaro e outros sete réus, já está na fase de alegações finais, com expectativa de julgamento em setembro.

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