Nos quatro documentos-chave resultantes do encontro – Transição Justa, Plano de Ação de Gênero, Objetivo Global de Adaptação e o Mutirão – a menção a afrodescendentes foi um marco significativo. Essa inclusão aconteceu pouco após o feriado da Consciência Negra, um momento de reflexão sobre a presença e a luta dos afrodescendentes no Brasil. A relevância desse reconhecimento está no contexto da busca por igualdade racial e pela erradicação da discriminação.
O documento sobre a Transição Energética, por exemplo, enfatiza a importância da participação significativa de uma ampla gama de grupos sociais, incluindo trabalhadores informais, pessoas em situação de vulnerabilidade e especificamente mencionando os afrodescendentes. Ele ressalta que as transições energéticas devem respeitar e promover os direitos humanos, um ponto crucial na reflexão sobre políticas climáticas.
Outro segmento relevante da conversa foi o Objetivo Global de Adaptação, que fez questão de destacar a importância de considerar as contribuições de comunidades históricamente marginalizadas, incluindo afrodescendentes e mulheres. Além disso, no Plano de Ação de Gênero, a contribuição de mulheres e meninas de ascendência africana para as ações climáticas foi claramente reconhecida, fortalecendo o papel delas em um tema vital.
A presidenta da COP30 sublinhou também o papel do Mutirão, um mecanismo de mobilização que visa assegurar a participação ativa de todos os grupos, incluindo aqueles que não são signatários da UNFCCC. Essa estratégia busca amplificar vozes e engajamento em prol de uma ação climática mais inclusiva.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comemorou o reconhecimento, mas fez um apelo por ações concretas. Para ela, é fundamental que as políticas climáticas sejam inclusivas e levem em conta as realidades das populações na periferia e em lugares mais impactados por desigualdades, ressaltando a necessidade de um avanço efetivo.
Movimentos da sociedade civil, como o Geledés Instituto da Mulher Negra, também tiveram um papel importante nesse reconhecimento e celebraram a inclusão, que, segundo eles, representa um avanço nas políticas climáticas internacionais. A organização destacou ainda que a crise climática afeta desproporcionalmente as populações afrodescendentes, que, por sua vez, são fonte de soluções e práticas de resiliência em suas comunidades.
Assim, a COP30 não apenas avançou na pauta climática, mas também lançou luz sobre a necessidade de políticas que reconhecem e abordam as desigualdades estruturais enfrentadas por grupos marginalizados, propondo uma direção mais justa e eficaz na luta contra as mudanças climáticas.
