A declaração de Bolsonaro foi feita em resposta a uma pergunta do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, durante o seu interrogatório no âmbito da ação penal que investiga a tentativa de subversão da ordem democrática. Ao desmentir a versão apresentada por Gomes, o ex-presidente reafirmou a sua posição de que as Forças Armadas são pautadas pela disciplina e hierarquia, afirmando ainda que caso houvesse algo a se considerar sobre a situação, ele teria trocado o comandante da Aeronáutica.
Nesta fase do processo, Jair Bolsonaro é réu de crimes que vão desde a tentativa de golpe de Estado até a organização criminosa armada. A gravidade das acusações é inédita no Brasil, uma vez que ele se torna o primeiro ex-presidente eleito a ser julgado por crimes que ferem os preceitos da democracia estabelecida pela Constituição de 1988. As penas potencialmente atribuídas a ele e aos outros réus podem ultrapassar 30 anos de reclusão.
Na mesma linha de depor, o general Freire Gomes, que também compareceu ao tribunal, refutou a ideia de que tenha apresentado a ordem de prisão. Em seu testemunho, esclareceu que a preocupação dele era alertar Bolsonaro sobre as possíveis implicações jurídicas de suas ações, enfatizando que a voz de prisão nunca foi uma realidade naquela reunião.
O relator da ação, Alexandre de Moraes, está conduzindo uma série de interrogatórios com outros réus envolvidos no que se denomina como “núcleo crucial” da trama golpista. Até agora, relatos de figuras como o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e outros ex-ministros e generais já foram ouvidos. O desfecho desse processo poderá ocorrer no segundo semestre deste ano, com a expectativa de que surjam desdobramentos significativos para a política brasileira.