JUSTIÇA – Bolsonaro nega envolvimento do ex-comandante da Marinha em plano golpista e se defende em interrogatório sobre tentativa de reverter eleições de 2022.

O ex-presidente Jair Bolsonaro negou categoricamente, durante um interrogatório no dia 10 de outubro de 2023, que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, tivesse disponibilizado tropas para implementar medidas golpistas visando reverter o resultado das eleições de 2022. Este depoimento marca um momento significativo no processo em que Bolsonaro está sendo acusado de tentar desestabilizar a ordem democrática do país.

O interrogatório foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pela relatoria da ação, e Bolsonaro é o sexto réu a ser ouvido desde o início do procedimento, que se intensificou na segunda-feira anterior. Durante sua fala, o ex-presidente foi questionado sobre a suposta oferta de Garnier em disponibilizar as tropas das Forças Armadas, uma afirmação que faz parte das investigações da Polícia Federal.

Bolsonaro respondeu de forma incisiva, afirmando que “em hipótese alguma” tal situação ocorreu. Ele ressaltou que, caso uma intervenção desse tipo tivesse sido cogitada, haveria outros trâmites legais e um contexto favorável para tal ação, o que, segundo ele, não existia. O ex-presidente referiu-se à ideia de se decretar estado de sítio como inviável na época, uma declaração que sugere um distanciamento da responsabilidade pelas ações que estão sendo apuradas.

A Polícia Federal já indicou que Garnier teria se encontrado com Bolsonaro e outros comandantes em 2022, durante o qual foram discutidas estratégias para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo a possibilidade de um estado de sítio ou operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Bolsonaro enfrenta diversas acusações, incluindo a tentativa de golpe de Estado e a violação do Estado democrático de direito. Esta é a primeira vez que um ex-presidente do Brasil é processado por crimes dessa natureza, pelo que pode enfrentar penas que somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Além das alegações de deslegitimização do processo eleitoral, o ex-presidente foi também questionado sobre suas declarações sobre fraudes nas urnas eletrônicas, defendendo uma retórica em favor do voto impresso, embora negue ter tomado qualquer medida contrária à Constituição.

Os interrogatórios se estenderão até a próxima sexta-feira (13), onde outros réus envolvidos na trama golpista também prestarão depoimentos. O desfecho desse processo pode definir a condenação ou absolvição de Bolsonaro e dos demais acusados, sendo um marco na história política e judicial do Brasil.

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