Durante a sessão, Barroso apresentou dados reveladores da pesquisa “Justiça em Números”, que destacam a composição do Judiciário. Com um total de 278.826 servidores e 18.748 magistrados, os números mostram desigualdade significativa na representação racial. Apenas 14,3% dos juízes são negros, contrastando com 33,7% do total de servidores que se identificam da mesma forma. Barroso enfatizou que a população brasileira, que se identifica como preta ou parda em aproximadamente 50%, enfrenta uma representatividade insuficiente no sistema judiciário. Para abordar essa questão, ele defendeu iniciativas como programas de bolsas de estudo especificamente voltados para negros, indígenas e pessoas com deficiência que desejam ingressar na magistratura.
Além da dimensão racial, a pesquisa também revelou que 39% dos magistrados são mulheres, enquanto as servidoras representam 55,3% do efetivo em todas as esferas da Justiça. Esses dados evidenciam a relevância de fomentar a diversidade e a inclusão dentro de um sistema que deve espelhar a pluralidade da sociedade.
Em sua análise dos gastos do Poder Judiciário, Barroso apontou que as despesas para o ano de 2024 totalizam R$ 146,5 bilhões, um aumento de 5,5% em relação a 2023, o que representa 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Ele reconheceu a carga financeira do sistema, mas sustentou que este investimento é justificado pela importância dos serviços prestados, que garantem a presença do Estado em 6.000 municípios. Barroso lembrou que as taxas e multas arrecadadas pelo Judiciário correspondem a mais da metade de suas despesas, com receitas de R$ 79 bilhões no ano anterior.
Finalmente, no dia 29 de outubro, os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes tomarão posse, com Fachin assumindo a presidência do STF e Moraes ocupando a vice-presidência. Essa transição marca um novo capítulo na liderança do Judiciário brasileiro em um momento de reflexão sobre sua identidade e eficácia.