JUSTIÇA – Áudio e vídeo de delação de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro detalha pressão para golpe de maio e ação violenta contra autoridades.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou detalhes surpreendentes em sua delação premiada, que serviu de base para a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Segundo Cid, o general da reserva Mário Fernandes foi um dos principais incentivadores de Jair Bolsonaro a tomar medidas de intervenção contra a democracia nos meses que antecederam a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023.

As informações foram liberadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que disponibilizou áudios e vídeos da delação nesta quinta-feira (20). O plano de ruptura institucional, descrito por Cid, foi movido por Bolsonaro e seus aliados, com destaque para Fernandes e o general Walter Braga Netto, ambos detidos por envolvimento nos planos golpistas.

Fernandes, com passagem pelo comando dos kids pretos, força de elite do Exército, teria coordenado as ações de monitoramento e assassinato de autoridades públicas, incluindo o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O plano, apelidado de “Punhal Verde e Amarelo”, foi descoberto por investigadores e revela a gravidade das intenções desses militares.

O coronel Rafael Oliveira teria solicitado a Cid recursos para viabilizar o plano, e este conseguiu obter R$ 100 mil em espécie no Palácio do Planalto, entregue por Braga Netto. O general teria afirmado que o dinheiro foi obtido com o “pessoal do agronegócio”, indicando a existência de conexões e apoio financeiro para a empreitada golpista.

A delação de Mauro Cid também aponta a participação ativa de Braga Netto, Oliveira e Ferreira Lima nos planos para criar instabilidade e impedir a posse de Lula. No entanto, a delação exime o general Luiz Eduardo Ramos, então ocupante da Secretaria-Geral da Presidência, de envolvimento direto na trama, devido ao seu afastamento de Bolsonaro durante o período.

Os relatos de Cid são reveladores e apontam para um cenário de tensão e ameaças à democracia que permearam o final do mandato de Bolsonaro. As investigações continuarão a desvendar os detalhes desse plano de golpe de Estado, que envolveu figuras de destaque no cenário político e militar do Brasil.

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