JUSTIÇA – Assassinos de Kleber Malaquias são condenados, mas dois saem “livres” – com Jornal Rede Repórter



Por dois dias consecutivos, um tribunal do júri popular analisou as provas e testemunhos sobre o assassinato do empresário Kleber Malaquias. O julgamento, presidido pelo juiz Eduardo Nobre e com acusação conduzida pelos promotores de Justiça Lídia Malta e Thiago Riff, resultou na condenação de quatro homens nesta terça-feira (18).

As condenações:

  • Edinaldo Estevão de Lima: 8 anos de reclusão em regime semiaberto. Como não há esse regime em Alagoas, ele responderá em liberdade.
  • José Mário de Lima Silva: 12 anos de reclusão em regime fechado. Como já cumpriu parte da pena, terá de cumprir mais oito anos, quatro meses e um dia em regime semiaberto. Ele também responderá em liberdade por falta de estrutura carcerária para esse tipo de pena no estado.
  • Fredson José dos Santos: 30 anos de reclusão em regime fechado.
  • Marcelo José Souza da Silva: 24 anos de reclusão em regime fechado.

O juiz também determinou a perda do cargo militar de José Mário e Marcelo José.

O promotor Thiago Riff destacou a complexidade do caso e a satisfação com o resultado: “Foi um julgamento árduo, de dois dias completos. Agora, finalizamos cansados, mas com o dever cumprido. Podemos discordar de algumas penas, mas, em termos gerais, foi uma decisão positiva, que fortalece a confiança da sociedade na Justiça.”

O crime

Kleber Malaquias foi assassinado no dia de seu aniversário, em 15 de julho de 2020, dentro do Bar da Buchada, na Mata do Rolo, em Rio Largo. Conhecido por denunciar políticos e colaborar com investigações do Ministério Público de Alagoas (MPAL), ele foi morto com dois tiros.

Sua mãe, Evany Malaquias, emocionou o tribunal ao relatar que o filho cogitava deixar Alagoas devido às ameaças que recebia. “O dia da morte dele foi o pior da minha vida”, disse.

Testemunhos e tensão no tribunal

O julgamento também foi marcado por momentos tensos. O delegado Lucimério Campos, que investigou o caso, denunciou “interferência política” para afastá-lo do inquérito. Ao ser pressionado pela defesa para citar nomes, se exaltou.

O réu José Mário, sargento da Polícia Militar, acusou Lucimério de forjar provas e influenciar o MPAL. “Fui coagido por ele. Tudo não passou de um teatro”, afirmou.

Houve também discussão entre a promotora Lídia Malta e a advogada do réu Marcelo Souza. O juiz precisou intervir: “Esse caso não será decidido no grito”.

Conexões com outros crimes

Durante a investigação, o MPAL descobriu que os réus tentaram imputar o crime a um sargento da PM, Alessandro Fábio da Silva, assassinado em 2022. A trama veio à tona após a prisão do delegado Daniel Mayer, acusado de forjar provas para proteger criminosos.

A promotora Lídia Malta foi contundente: “Quem veste uma farda e mata é um criminoso travestido de polícia. Não podemos tolerar que o crime de pistolagem volte a assombrar as instituições e a sociedade alagoana”.

Já o promotor Thiago Riff alertou para possíveis semelhanças com a “Gangue Fardada”, grupo de militares e ex-militares que atuou em Alagoas nos anos 1990 sob o comando do ex-tenente-coronel Manoel Cavalcante. O bando esteve envolvido em crimes de pistolagem, roubos de carros e assaltos.

Com a condenação dos quatro réus, o caso Kleber Malaquias encerra mais um capítulo, mas segue sob investigação. O MPAL reforça que o mandante do crime ainda precisa ser identificado.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo