JUSTIÇA – Amizade Perigosa: Polícia Federal Investiga Relacionamento Entre Desembargador e Ex-Presidente da Alerj em Caso de Vazamento de Informações Sigilosas.

Em uma análise aprofundada, a Polícia Federal (PF) revela uma intrincada rede de relações entre o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, e o desembargador Macário Ramos Judice Neto, atualmente preso. As investigações foram motivadas por conversas interceptadas nos celulares dos envolvidos, que evidenciam uma amizade que levanta questões sérias sobre a integridade do sistema judicial.

As mensagens demonstram que Bacellar e Judice Neto mantêm uma relação íntima, utilizando termos afetuosos como “irmão” e expressando preocupações pessoais, como a saúde do pai de Bacellar. Essa proximidade vai além do emocional, envolvendo também interesses diretos. Judice Neto teria utilizado essa amizade para solicitar ingressos para um jogo do Flamengo, o que ilustra a natureza das trocas entre os dois.

No centro da investigação está a acusação de que o desembargador teria vazado informações sigilosas a Bacellar relacionadas à Operação Zargun, que culminou na prisão do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silvas, conhecido como TH Jóias, acusado de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho. Informações obtidas indicam que Bacellar e Judice Neto se encontraram em uma churrascaria pouco antes da prisão de TH Jóias, onde, segundo a PF, foi feito um aviso sobre a operação.

Esse encontro é visto como um indicativo de obstrução de justiça, um tema que permeia a representação da PF, que destaca a relevância das relações pessoais entre Bacellar e Judice Neto nas investigações sobre organizações criminosas. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, reiterou essas preocupações em uma sentença que determinou a prisão de Judice Neto.

A defesa do desembargador, por sua vez, argumenta que as acusações são infundadas e já se posicionou para buscar a revogação da prisão. Esse embate destaca a polarização entre as alegações da PF e as assertivas da defesa, refletindo um momento delicado para o sistema judicial fluminense.

O caso se complica ainda mais com a prisão de Bacellar, que também foi acusado de vazamento de informações. Após cinco dias detido, ele conseguiu a revogação da prisão, mas agora enfrenta diversas restrições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se aproximar de outros investigados.

A situação desenha um cenário complexo em que questões de amizade, poder e justiça se entrelaçam, levantando dúvidas sobre a confiança nas instituições e os limites da ética no serviço público. As investigações ainda estão em andamento, e a expectativa é alta quanto a novos desdobramentos que possam emergir desse labirinto de relações e acusações.

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