No último sábado, todas as 24 deputadas receberam e-mails com conteúdos extremamente agressivos, incluindo ameaças de morte e estupro. As mensagens não apenas continham um tom ameaçador, mas mencionavam nominalmente algumas parlamentares, uma tática que intensificou o clima de medo e insegurança entre as profissionais. Essa situação não é um caso isolado, mas sim parte de um fenômeno mais amplo de violência política direcionada às mulheres em cargos de poder, um tema que precisa ser urgentemente discutido e combatido.
Em resposta às ameaças, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo começou a investigar um suspeito de 28 anos, cujo computador e celular foram apreendidos. Curiosamente, o autor se apresenta como “masculinista” no e-mail e afirma ter utilizado “criptografia militar”. Ele sugere que está oculto no “esgoto da Grande São Paulo” e ameaça praticar atos de terrorismo. A deputada Beth Sahão, do PT, destacou que o suspeito se identificou em suas mensagens, fornecendo até seu CPF, mas nega a autoria, alegando que foi manipulado por terceiros.
A parlamentar não só pediu que as investigações fossem ampliadas para incluir a Polícia Federal, como também expressou sua preocupação com o clima de insegurança que essas ameaças geram. “É um cenário de horror” comentou, referindo-se ao fato de que deputadas da principal assembleia estadual da América Latina se veem sob a sombra de tais intimidações. Além disso, Sahão enfatizou a urgência de regulamentações específicas para redes sociais, afirmando que elas não podem ser um espaço onde se permita a disseminação de ódio sem consequências.
Ela também chamou atenção para a questão da violência política de gênero, um fenômeno que vem se intensificando em diversos níveis administrativos no Brasil. Para ela, esse tipo de ameaça é um produto tanto da misoginia arraigada na sociedade quanto de um discurso de ódio que se proliferou nas redes sociais. Sahão propõe que a resposta a esses problemas deve incluir políticas públicas que atuem desde a base, nas escolas, para educar sobre respeito e igualdade de gênero. Essa lógica de prevenção é vital para garantir que as agressões cessam e que um ambiente seguro e respeitoso prevaleça para todas as mulheres, especialmente aquelas que ocupam posições de liderança.