JUSTIÇA – Aluna do curso de medicina da Unirio é condenada por fraude em sistema de cotas e terá que indenizar universidade

A decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro em condenar uma aluna do curso de medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) por fraude ao sistema de cotas gerou repercussão entre a comunidade acadêmica e a sociedade em geral. A estudante terá que devolver aos cofres públicos o valor de R$ 8,8 mil por danos materiais e pagar R$ 10 mil por danos morais individuais à Unirio, além de mais R$ 10 mil por danos morais coletivos destinados ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD).

A ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro revelou que a aluna utilizou o sistema de ações afirmativas para pretos e pardos de baixa renda, alegando ter traços genotípicos pretos de seu bisavô paterno e ascendência familiar parda na família materna. No entanto, investigações apontaram que a estudante não se enquadra nos critérios de cotas raciais e socioeconômicas, conforme estabelecidos pelas políticas de ingresso da universidade.

A ausência, na época, de uma Comissão de Heteroidentificação Racial na Unirio permitiu que a aluna ingressasse na instituição de ensino de forma fraudulenta. A instalação posterior da comissão resultou na reprovação retrospectiva da estudante durante o procedimento de averiguação de sua condição racial. O MPF argumentou que a autodeclaração não deve ser considerada como verdade absoluta e que a revisão das matrículas de alunos que não se enquadram nas cotas é legítima para combater fraudes e promover a igualdade no ambiente universitário.

A Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012) estabelece a reserva de vagas em instituições públicas de ensino superior para estudantes vindos de escolas públicas, com critérios raciais e socioeconômicos. O objetivo é garantir a igualdade de oportunidades e o acesso ao ensino superior para grupos historicamente marginalizados, como negros, indígenas e indivíduos de baixa renda. A importância dessas políticas de inclusão e combate às desigualdades é destacada pelo MPF como forma de construir uma sociedade mais justa e solidária, onde o preconceito racial não tenha espaço.

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