JUSTIÇA – AGU recorre de decisão do TCU sobre presentes de presidentes da República, alegando interesse público e violação de princípios. Investigação sobre joias sauditas continua.



A Advocacia-Geral da União (AGU) interpôs recurso contra a decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que reconheceu que os presentes recebidos por presidentes da República durante seus mandatos não podem ser considerados bens públicos. O recurso foi protocolado na última sexta-feira (6) junto ao próprio tribunal, e nele a AGU argumenta que, de acordo com a Constituição, os bens da União são aqueles que pertencem atualmente ao governo federal e os que forem incorporados no futuro.

A AGU sustenta que a interpretação da decisão do TCU leva à conclusão de que os presentes recebidos pelos presidentes da República durante eventos diplomáticos ou visitas oficiais não são de natureza privada e devem ser incorporados ao patrimônio público. Segundo o órgão, a mudança de entendimento do TCU em relação a decisões anteriores viola o interesse público, desrespeita os princípios da razoabilidade e da moralidade administrativa e causa prejuízos ao patrimônio cultural da União.

No dia 7 de agosto, o TCU rejeitou um pedido feito pelo deputado federal Sarderson (PL-RS), de oposição, que visava obrigar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a devolver um relógio recebido de presente do então presidente francês, Jacques Chirac, em 2005. A maioria dos ministros do tribunal argumentou que não existe legislação específica que regule essa questão, e por isso o TCU não poderia determinar a devolução do relógio ao acervo público da Presidência.

Após essa decisão do TCU, a defesa de Jair Bolsonaro solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento da investigação sobre as joias que ele recebeu de autoridades estrangeiras durante seu mandato como presidente. A defesa de Bolsonaro alega que a decisão do TCU confirma que as condutas do ex-presidente não foram ilícitas.

Em julho deste ano, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso das joias sauditas, que teriam sido desviadas e vendidas ilegalmente durante seu governo. Parte das joias foi levada para os Estados Unidos em uma mala transportada no avião presidencial. As investigações da PF apontaram para a existência de uma organização criminosa envolvida nesse esquema de desvio e venda de presentes recebidos de autoridades estrangeiras.

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