Eu nunca tive pudor com o corpo. Sempre lidei com ele de uma maneira natural, é uma ferramenta do meu trabalho. Há um caminho enorme entre a minha intenção e o pensamento do outro. Mas não estou preocupada com o que vão pensar. No começo da carreira, sim, eu tive um pouco de medo porque poderiam querer me explorar. Tive que me colocar: há cenas em que a nudez faz sentido, em outras não faz. Então, aprendi a estabelecer os meus limites e a dizer não — conta Juliana, 38 anos, que posou nua duas vezes: para a Playboy, em 2004, e agora para esta edição do ELA. — Quando fiz a Playboy, o momento na minha carreira era propício, a revista tinha prestígio. Claro que pensei que eu poderia ficar rotulada de gostosa, mas ao mesmo tempo confiava muito na minha capacidade de ir além. Quando os meus pais me apoiaram, eu topei. Fiz pela grana mesmo, comprei um apartamento para mim e outro para a minha mãe. Mas não acho que aquela tenha sido a minha fase mais bonita.
Dois filhos (Pedro, de 6 anos, e Antonio, 4, do casamento com o empresário Carlos Eduardo Baptista, com quem ela está há 13 anos), sobrancelhas mais grossas, maturidade… Juliana diz que a melhor fase é agora.
A genética me foi favorável, mas quando fiz a “Playboy” eu não malhava. Hoje, eu trabalho o meu corpo, tive os meus meninos, precisei correr atrás. A minha cabeça também está melhor. Posso não ter os seios naturais de antes, mas tenho domínio do meu corpo, o rosto mais relaxado, a maturidade é tudo — diz ela, antes de fazer uma brincadeira e cair na gargalhada: — Se eu tivesse essa cabeça lá no início, ia ficar puxado para as outras, né? Mas,sério, eu não tenho aquela beleza clássica.
Sou marcante, tenho olhão e bocão. Posso ficar bonita ou feia dependendo da luz. A beleza me abriu algumas portas, mas ela não me sustenta. É labuta mesmo.
O Globo – 09/09/17