O voto de Moraes rompe com a narrativa que sugeria que os eventos em questão eram meros incidentes desconexos, apresentando-os, na verdade, como partes integrantes de um plano orquestrado. O ministro torna claro que Bolsonaro não atuou como um mero observador, mas sim como um dos principais arquitetos do que se revela como uma conspiração para preservar uma ruptura institucional. O seu papel se destaca pela habilidade em mobilizar um extenso espectro de apoio, que inclui militares e membros do governo, numa tentativa de subverter as normas democráticas do país.
Além de um exame detalhado das provas, Moraes correlacionou os fatos discutidos no tribunal a informações já amplamente reportadas por veículos de comunicação e investigações prévias. A descoberta de esboços de minutas que sugerem um golpe, o uso das redes sociais para incitar a violência e interações com embaixadores para deslegitimar o sistema eleitoral compõem uma narrativa que a acusação descreve como uma trama criminosa.
Ao articular os eventos sob uma mesma lógica, o voto de Moraes não apenas refuta as tentativas da defesa de Bolsonaro de minimizar o caso ou desviar o foco para questões periféricas, mas também reafirma, através do apoio de outros membros da corte, como o ministro Flávio Dino, a solidez das alegações. Para os defensores da acusação, a posição de liderança de Bolsonaro nesse contexto não se sustenta em meras conjecturas, mas sim em uma abundância de provas que permitem sustentar as acusações.
O desdobramento desse julgamento poderá ter profundas implicações para a política brasileira, ressaltando a importância da justiça na preservação das instituições democráticas e da integridade do sistema eleitoral.