O julgamento de Daniel Alves, que se encontra preso há um ano na Espanha, acusado de agressão sexual a uma mulher de 23 anos em uma boate de Barcelona, inicia nesta segunda-feira. A audiência está marcada para três dias consecutivos, com término na quarta-feira. O jogador brasileiro afirma sua inocência, alegando que a relação sexual foi consensual. No entanto, ele mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, sendo citado o risco de fuga para justificar tal decisão. A pena para este tipo de crime no país é de até 12 anos de reclusão.
Na quinta-feira, o Tribunal de Barcelona rejeitou o pedido do Ministério Público da Espanha para que a audiência fosse realizada à portas fechadas. Ao invés disso, as sessões acontecerão de forma aberta, com a presença da imprensa em sala à parte, mas as captações de áudio e imagem estão vetadas. A mulher que denunciou Daniel Alves terá a identidade preservada e realizará o depoimento protegido por um biombo para que não tenha contato visual com o jogador. A sua imagem será reproduzida em vídeo para os presentes, com a imagem e voz distorcidas, a fim de proteger a sua identidade.
O julgamento será presidido por uma mulher, a juíza Isabel Delgado Pérez, que será acompanhada pelos magistrados Luís Belestá Segura e Pablo Diez Noval. A audiência está marcada para acontecer às 10h (6h no horário de Brasília). Espera-se que Daniel Alves deponha no primeiro dia, quando também haverá o depoimento de seis pessoas. Outras 22 serão ouvidas no segundo dia, totalizando 28 testemunhas. O terceiro dia será dedicado à análise de dados periciais, como imagens das câmeras de segurança da boate onde aconteceu o caso, e exames médicos realizados pela denunciante.
Não há prazo para o anúncio da sentença. Até lá, Daniel Alves continuará preso de maneira preventiva. Apesar do pedido de 12 anos de prisão (pena máxima) feito pela acusação, e do pedido de nove anos feito pelo Ministério Público, a tendência é que o brasileiro, se condenado, permaneça recluso por, no máximo, seis anos. Isso se dá porque no início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça o valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) de indenização à jovem. A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena. O MP solicitou, ainda, dez anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da vítima, assim como de se comunicar com ela, pelo mesmo período.
Para pagar a multa de atenuante de pena, Daniel Alves recebeu o valor de Neymar da Silva Santos, pai do craque da seleção brasileira. A ex-mulher do lateral, Dinorah Santana, que também é mãe dos filhos do jogador e ex-sócia, acionou a Justiça do Rio em agosto do ano passado cobrando do atleta R$ 13 milhões em pensão alimentícia. O jogador teve bloqueados R$ 7 milhões além de 30% do que recebe mensalmente do São Paulo pelo acordo de pagamento de salários atrasados.
A defesa de Daniel Alves, liderada pela advogada Inés Guardiola, tentou um acordo com os advogados da denunciante ao longo das últimas semanas. O canal espanhol Telecinco chegou a divulgar que as conversas pela retirada acusação chegaram a ser protocoladas na Justiça, mas as tratativas por um conciliação caíram por terra quando Lúcia Alves, mãe de Daniel, compartilhou um vídeo nas redes sociais expondo a identidade da mulher que denunciou o atleta de agressão sexual. Em nota, a advogada que atende a mulher afirmou que vai processar a mãe do jogador.
MUDANÇA DE VERSÕES E RECURSOS NEGADOS
O caso teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola no dia 31 de dezembro de 2022, quando o diário catalão ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem de 23 anos na casa noturna Sutton, em Barcelona, no dia anterior. A mulher esteve acompanhada por amigas a todo o instante e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
Em 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e começou a investigar o brasileiro. Inconsistências nas versões dadas pelo atleta, além da possibilidade de fuga do país europeu, fizeram com que a juíza Maria Concepción Canton Martín decretasse a prisão preventiva do atleta no dia 20 de janeiro. O Pumas, do México, rescindiu o contrato com o lateral no mesmo dia.
Durante o período em que está recluso, o brasileiro mudou o seu depoimento diversas vezes. Ele primeiramente disse que não conhecia a jovem que o acusava. Depois, argumentou que houve relação sexual, mas de forma consensual, e que mentiu para esconder a infidelidade de sua mulher, a modelo e empresária espanhola Joana Sanz. Em sua última versão, Daniel Alves alegou estar bêbado na noite em que ocorreram os fatos.
*COM CADAMINUTO