Juiz é investigado por suposto desvio de verbas públicas e decisões relâmpago em fraudes contra aposentados em operação que apura corrupção na Paraíba.

O juiz Glauco Coutinho Marques, atualmente no foco de investigações que apuram o desvio de recursos públicos e manipulação de decisões judiciais em favor de associações, se tornou uma figura central em diversas ações judiciais relacionadas à corrupção no estado da Paraíba. As apurações revelam que ele é investigado na operação Pote de Ouro, que visa desmantelar uma organização criminosa alegadamente envolvida no desvio de verbas destinadas à saúde e na concessão de decisões favoráveis a empresários locais.

Documentos obtidos durante a investigação mostram que o juiz teria recebido cheques que, segundo o Ministério Público da Paraíba, foram depositados em sua conta entre janeiro de 2016 e junho de 2016. Além disso, há indícios de uma “mesada” ilícita que Glauco teria recebido, com valores que variam entre R$ 6.800 e R$ 13.800, muitos dos quais foram pagos com cheques que apresentavam falta de fundos.

A operação Pote de Ouro investiga também a participação da esposa do juiz, que na época atuava como Secretária de Saúde do município de Itabaiana. Segundo o MP, ela teria desempenhado um papel essencial na alocação de verbas públicas desviadas, que posteriormente beneficiaram o magistrado. As transações entre eles levantam suspeitas, com o MP afirmando que há provas robustas que ligam Glauco diretamente ao esquema de corrupção que durou de 2013 a 2016.

Além das suspeitas de envolvimento em fraudes financeiras, Glauco também é alvo da operação Retomada, que investiga descontos ilegais em aposentadorias, e gerou uma decisão judicial que o juiz teria tomado em apenas 16 minutos. Tal rapidez chamou a atenção do Ministério Público, que começou a investigar sua conduta no Judiciário.

Em defesa, Glauco Coutinho nega todas as alegações de irregularidades, afirmando que os valores recebidos eram referentes a pagamentos por empréstimos pessoais e que ele e sua esposa desconheciam a origem ilícita das transações. A defesa ainda ressalta que embora Glauco tenha homologado acordos entre certas associações e seus associados, não existem indícios que provem qualquer laço de amizade ou favorecimento entre ele e os advogados envolvidos nos casos.

O aumento da pressão também levou ao seu afastamento e à realização de buscas e apreensões, mas a defesa sustenta que até o momento não foi encontrada evidência concreta que prove a ligação de Glauco com práticas ilícitas. Com o processo sob sigilo, é incerto como os desdobramentos da operação impactarão a carreira do juiz e a confiança nas instituições judiciais na Paraíba. A defesa expressou otimismo na elucidação dos fatos, esperando que a verdade prevaleça. A situação continua a ser um exemplo alarmante de como fraudes podem penetrar nas estruturas do sistema judiciário, levantando questões sobre a integridade e a confiança nas autoridades.

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