Juiz e historiador resgata história do Judiciário alagoano e revela documentos raros, incluindo intimações a Lampião.

O juiz e historiador Claudemiro Avelino, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, resgatou 300 anos de história do Judiciário alagoano e revelou documentos raros de sua coleção, incluindo intimações feitas a Virgulino Ferreira, o Lampião. Em uma entrevista exclusiva, Avelino mostrou sua extensa biblioteca, que conta com cerca de 22 mil livros catalogados desde a adolescência.

A paixão de Avelino pela literatura é visível ao entrar em sua casa. Os livros tomam conta de toda a sala, da área externa e até mesmo de outra casa que pertence ao juiz. Ele possui quatro livros prestes a serem lançados, incluindo uma cronologia sobre Lampião, a história das Comarcas de Alagoas em três volumes, um livro sobre Alvarás Régios e outro de poesias.

Além de sua coleção de livros, Avelino também possui relíquias, como um tinteiro e uma pena, que eram usados antigamente para escrever. Sua dedicação à cultura alagoana é evidente, especialmente no mundo jurídico. Ele foi responsável por criar o Memorial da Cultura e Memória do Tribunal de Justiça de Alagoas, que abrange não apenas fatos importantes da vida política e social alagoana, mas também aspectos culturais.

A dedicação de Avelino à pesquisa histórica o levou a colaborar com a reforma do acervo do Supremo Tribunal Federal. Ele também revelou documentos inéditos sobre Lampião, que mostram como ocorriam os crimes do cangaceiro e revelam que poucas pessoas da Justiça à época tinham coragem de entregar intimações a ele.

O trabalho de resgate histórico de Avelino não se limita apenas à documentação. Ele também se envolve no restauro dos documentos antigos, que requerem cuidados especiais para que a história não seja perdida. Junto com a historiadora Mariana Marques, ele limpa e analisa a escrita dos documentos antigos.

Em uma das pilhas de documentos, Avelino apresentou à reportagem um processo que acusa Lampião e seu bando por crime de latrocínio. O processo não foi concluído, o que era comum quando se tratava do rei do cangaço. Também foi mostrado um processo datado de 1918, que revela a dificuldade em entregar intimações a Lampião devido ao medo de suas ações violentas.

Claudemiro Avelino é um exemplo de dedicação à cultura e à história de Alagoas. Sua vasta coleção de livros e documentos raros, assim como sua participação na preservação da memória do Judiciário alagoano, destacam sua importância como jornalista e historiador.

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