Tragédia em João Pessoa: Jovem com Distúrbios Mentais é Morto por Leonardo em Invasão a Jaula
Em um incidente trágico que chocou a população de João Pessoa, Gerson de Melo Machado, conhecido como Vaqueirinho, perdeu a vida após invadir a jaula de uma leoa. O evento, que ocorreu no último dia 24 de novembro, levanta questões sobre saúde mental, abandono e a falta de medidas eficazes de proteção social.
Um mês antes dessa fatalidade, o juiz Rodrigo Marques Silva Lima, da 6ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, havia determinado a internação de Gerson em um Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em decorrência de um episódio em que ele quebrou o portão do Centro Educacional de Adolescentes (CEA) de João Pessoa. Na ocasião, a polícia foi chamada para conter o jovem, que apresentava sinais de alteração mental devido ao uso de drogas. Mediante relatos de um laudo pericial, o juiz constatou que Gerson sofria de esquizofrenia, o que comprometia sua capacidade de compreender a natureza criminosa de suas ações.
O juiz enfatizou que a internação era uma medida necessária para garantir tanto a ordem pública quanto o tratamento adequado ao jovem, sugerindo que a dela era uma questão de dignidade humana e mínima intervenção penal. Entretanto, mesmo com a decisão judicial, a internação não foi efetivada. Em um curto intervalo de tempo após a determinação, Gerson foi preso novamente por agredir uma viatura policial. No entanto, ele foi liberado em audiência de custódia, sem receber o tratamento que tanto necessitava.
A história de Gerson revela ainda uma trajetória de abandono e condições extremas de pobreza. Desde jovem, ele enfrentou dificuldades significativas, como a ausência de suporte familiar e o impacto de transtornos mentais não tratados. A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson por oito anos, declarou que ele sonhava em ir à África para “domar leões” – um desejo que refletia não apenas sua admirável conexão com a natureza, mas também uma esfera de delírios influenciados por sua condição mental.
Verônica contou que o jovem era fruto de uma mãe com esquizofrenia e uma família marcada por problemas de saúde mental. Desde os 10 anos, Gerson esteve sob a proteção do Conselho Tutelar, onde passou anos lutando contra a realidade desafiadora que o cercava. Ele frequentemente fazia visitas a sua mãe e avós, em busca de afeto e aceitação, mesmo sabendo da impossibilidade de assegurar seus cuidados.
O dia de sua morte, envolvendo a leoa, não foi apenas um acidente, mas o triste epílogo de uma vida repleta de traumas e lacunas no sistema de atendimento que poderiam ter evitado essa tragédia. Gerson, que desejava uma conexão com os grandes felinos, acabou se deparando com a dura realidade: a leoa, uma criatura selvagem, não era um animal a ser domado, mas uma força da natureza que não poderia ser controlada.
A morte de Vaqueirinho deixa um lamento profundo na comunidade e questionamentos sobre como melhor atender jovens em situações vulneráveis. Sua história é um apelo urgente para que se reavalie a forma como a sociedade cuida de seus membros mais frágeis, colocando em pauta a importância de um sistema de saúde mental mais robusto e eficaz.










