Segundo documentos obtidos durante a apuração, o magistrado é considerado uma “figura central” em um esquema que envolvia um grupo diversificado composto por empresários, advogados e servidores públicos. Este grupo teria utilizado o sistema judiciário para favorecer decisões que prejudicavam aposentados, causando um impacto negativo que afetou cerca de 100 mil beneficiários em todo o país, resultando em cifras alarmantes que ultrapassam os R$ 126 milhões em descontos indevidos.
Os investigadores se depararam com procedimentos judiciais que se destacaram pela velocidade incomum. Em um caso específico, Glauco tomou uma decisão em apenas 16 minutos. Tal rapidez gerou suspeitas e atraiu a atenção das autoridades, que apontam para o uso de práticas irregulares como o chamado “fórum shopping”, uma técnica que visa escolher o juiz ou vara onde a probabilidade de uma decisão favorável é maior.
Além disso, Hilton Neto, um advogado associado ao esquema, é apontado como o principal articulador e responsável por intermediar a relação entre Glauco e outros advogados. A investigação também revelou que Hilton teria quitado uma dívida pessoal do juiz e que outros servidores teriam feito doações de cartões de crédito, evidenciando uma rede de relações complexas e potencialmente corruptas.
A Operação Retomada, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) em colaboração com a Controladoria-Geral da União (CGU), não apenas investiga os atos do juiz Glauco, mas também uma série de fraudes envolvendo associações fictícias que operavam como instituições financeiras informais. Através dessas associações, os aposentados eram aliciados a celebrar contratos que encobriam empréstimos com juros abusivos, na maioria das vezes sem a devida transparência.
A defesa do juiz Glauco Coutinho nega todas as acusações, argumentando que não existem provas que o liguem a qualquer irregularidade. Seu advogado enfatiza que, ao longo das investigações, não houve qualquer transação bancária que o implicasse e que as ações sob sua jurisdição foram limitadas em número. Para ele, o magistrado sempre atuou de acordo com a justiça e se disponibiliza a colaborar com as investigações em curso.
Diante de um sistema judiciário que deveria ser sinônimo de justiça e proteção, o caso ressalta a importância de um monitoramento rigoroso e transparente das instituições responsáveis por arbitrar conflitos e garantir a equidade social. A continuidade das investigações pode ser crucial não apenas para a responsabilização dos envolvidos, mas também para a restauração da confiança da população nas instituições judiciais.