Judiciário e Entidades Aposentados Sob Investigação: Ação Policial Revela Descontos Indevidos e Conexões Com Farra do INSS no Ceará e Paraíba

Uma entidade registrada no Ceará está no centro de uma investigação que envolve descontos irregulares aplicados a aposentados, mirando também um juiz da Paraíba. A Associação de Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) está sendo investigada pela Polícia Federal no contexto da Operação Sem Desconto, que já havia revelado irregularidades significativas nas práticas do INSS. Esta entidade também foi alvo da operação Retomada, conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).

O juiz Glauco Marques, cuja atuação está sob escrutínio, recebeu críticas por ter emitido decisões em tempo recorde, favorecendo entidades que realizavam descontos indevidos nos salários dos aposentados. Um de seus julgamentos, considerado relâmpago, foi proferido em apenas 16 minutos e beneficiou uma organização sob investigação.

De acordo com a Apuração do MPPB, a AAPB aparece como uma das principais entidades envolvidas em estratégias de captação de idosos para a contratação de empréstimos consignados, disfarçando-os como contribuições associativas. Os investigadores alegam que a associação utilizou métodos enganosos e manipulações judiciais para aprovar descontos em folhas de pagamento, atribuindo-os a contribuições que muitos aposentados alegam nunca ter autorizado ou mesmo ter conhecimento.

Esse cenário se agrava com as revelações da Controladoria-Geral da União (CGU), que indicam um aumento alarmante de descontos feitos pela AAPB, totalizando R$ 44 milhões entre 2021 e 2024. O crescimento dos descontos, que chegou a 1.259% entre 2021 e 2022, gerou a necessidade de uma auditoria minuciosa que expôs a “ausência de capacidade operacional” da entidade e indícios de que seus dirigentes poderiam ser de fachada.

A relação entre a AAPB e outra entidade investigada, a AAPEN, reforça as suspeitas, já que ambas têm a advogada Cecília Rodrigues Mota como presidente. Mota é identificada como uma das operadoras financeiras do esquema fraudulento e está relacionada a transações financeiras que levantam suspeitas sobre sua legitimidade, dadas as movimentações financeiras incompatíveis com os faturamentos esperados de uma microempresa.

Documentos anexados à investigação revelam que pessoas e entidades ligadas a Cecília Mota receberam quantias expressivas, indicando um esquema complexo que envolve repasses de valores significativos para operadoras de serviços que gerenciam ou trabalham diretamente com aposentados e pensionistas do INSS. A investigação coloca as práticas da AAPB em um papel central na exploração financeira de uma população vulnerável, destacando um caso que envolve tanto questões judiciais quanto respiratórias. A comunidade aguarda ansiosamente as próximas etapas desse desdobramento legal, que promete implicações grandes para as instituições envolvidas.

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