Jogos Koiupanká: Olimpíadas Indígenas Celebram Tradição e Cultura em Alagoas

No município de Inhapi, localizado no agreste do estado de Alagoas, a Aldeia Roçado se prepara para sediar a 9ª edição dos Jogos Olímpicos Indígenas dos Koiupanká. O evento acontecerá entre os dias 17 e 24 de setembro e é mais do que uma simples competição esportiva: é uma celebração da cultura e das tradições dos povos indígenas da região.

Os Jogos Koiupanká reúnem 17 modalidades, incluindo futsal, mas destacam-se principalmente pelas competições que resgatam habilidades ancestrais. Entre as modalidades, estão o badoque, arco e flecha, cabo de força, corrida com cesto, corrida com maracá, corrida com pote, estilingue, luta corporal, penacho, peteca e zarabatana. Cada uma destas atividades tem um significado profundo, estando enraizadas nos costumes tradicionais e na história do povo Koiupanká.

Francisco, o pajé da aldeia anfitriã, esclarece que a organização do evento começa com a formação de uma comissão. As modalidades são escolhidas para promover uma identificação íntima com os competidores, que são em sua maioria membros da comunidade indígena. “As modalidades são baseadas nos afazeres cotidianos da comunidade, no passado ou no que se mantém até hoje. Então, fazemos uma interpretação de forma lúdica, por assim dizer, onde juntamos o cultural, religioso e sagrado e trazemos isso para a arena”, explica o pajé.

A celebração transcende as competições esportivas. O evento também serve para expressar tradições culturais e religiosas através de cânticos e danças. Antes de cada modalidade, um grupo convidado realiza uma dança e um canto de toré em homenagem aos antepassados, fortalecendo o vínculo com suas raízes e espiritualidade. Francisco destaca: “Mesmo com vestimentas recentemente criadas para embelezar o evento, os cânticos preservam a ancestralidade, conectando-nos com tempos antigos, antes de nossos avós e bisavós.”

Os Jogos Koiupanká estão ganhando notoriedade e se expandindo para além de Alagoas, com a intenção de incluir povos indígenas de Pernambuco, Sergipe e Bahia. Francisco ressalta que essa expansão fortalece a interação entre os povos e promove discussões cruciais sobre território e direitos indígenas.

O evento conta com o apadrinhamento da renomada artista plástica alagoana Geovana Clea, que vive na Itália, mas mantém uma forte conexão com sua terra natal. Geovana se empenha para levar o evento ao conhecimento do Ministério da Cultura e da Presidência da República. “Embora o Sertão seja simples, tenho certeza que o amor com que esses jogos são organizados fará com que valha a pena ser apreciado pelas autoridades do nosso País”, afirma.

Além disso, Geovana se emociona ao pensar na cerimônia de abertura, onde as crianças cantarão o hino de Inhapi e do Brasil, ressaltando que sua arte sempre foi influenciada pela visão naturalista dos povos indígenas. “Falar dos indígenas é como gritar para o mundo: plante árvores, cuidem da terra, não joguem plástico nos rios, mares e lagoas, não poluam o planeta. Falar deles é falar de vida”, conclui.

Os Jogos Koiupanká não são apenas uma competição esportiva, mas uma celebração vibrante e significativa das tradições e do espírito dos povos indígenas de Inhapi, um evento que promete deixar um legado duradouro para as futuras gerações.

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