Na noite do dia 14 de fevereiro, Milei anunciou sua adesão a um projeto baseado na criptomoeda $LIBRA, destacando que a iniciativa visava financiar pequenas empresas argentinas. A evolução do caso é intrigante, pois em poucas horas o valor da criptomoeda disparou para mais de US$ 5, levando a um aumento frenético na capitalização de mercado, que chegou a quase US$ 4 bilhões. No entanto, esse crescimento foi efêmero, resultando em uma queda abrupta de preço devido a um golpe financeiro conhecido como “Rug Pull”. Esse esquema costuma ocorrer em projetos de criptoativos, onde grandes detentores da moeda lucram com a venda antes que o valor se desgaste.
A situação se complica ainda mais quando especialistas em finanças digitais revelam que entre 70% e 80% do total de moedas em circulação estavam nas mãos de poucos indivíduos, com um único proprietário detendo aproximadamente 50% de todas as $LIBRA. A rápida venda desses ativos, impulsionada pela divulgação de Milei, acentuou a queda, causando perdas estimadas em pelo menos US$ 87 milhões para cerca de 44 mil investidores, majoritariamente argentinos. Os danos emocionais também foram palpáveis, com influenciadores digitais expressando sua frustração e raiva em relação ao presidente nas redes sociais.
Em resposta às críticas, Milei, na madrugada seguinte, tentou se distanciar do projeto, alegando que desconhecia os detalhes e que havia decidido não continuar a apoiar a iniciativa após se informar. Entretanto, sua postura não convenceu a oposição. Políticos de vários partidos, como o Partido Socialista e União pela Pátria, já discutem um pedido formal de impeachment, fundamentando-se em supostas violações do Código Penal da Argentina, que proíbe servidores públicos de se beneficiarem pessoalmente de negócios de sua autoridade.
Para complicar ainda mais o cenário político, já existem precedentes na própria carreira de Milei. O senador Martín Lousteau lembrou que em 2021, enquanto ainda era deputado, ele promovia outra criptomoeda, a CoinX, que hoje é alvo de investigação por fraude.
O ministro da Economia, Luis Caputo, ao contrário da maioria, defendeu Milei, afirmando que ele representa a melhor oportunidade de evolução para o país nos últimos cem anos. O que se desenhou a partir desse episódio é uma profunda crise de confiança no governo Milei, que poderá ser crucial para a sua permanência no poder, dado o clima político volátil na Argentina. À medida que a pressão aumenta, a continuidade da sua administração está cada vez mais em jogo.
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