Com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, marcada para ocorrer no Brasil neste ano, a diplomacia brasileira argumenta que a adesão à OPEP+ poderia prejudicar a imagem do país em um momento em que se busca fortalecer compromissos ambientais. Essa visão ressoa entre diferentes membros do governo, que consideram as implicações de se associar formalmente a um grupo frequentemente associado à exploração de petróleo em um contexto de crescente pressão por uma agenda ambiental mais robusta.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que, ao entrar na OPEP+, o Brasil teria uma plataforma para influenciar políticas de transição energética, especialmente em relação à produção de biocombustíveis, setor em que o país já é reconhecido como líder mundial. Essa aposta na adesão é vista como uma estratégia para garantir que a agenda ambiental brasileira, que busca promover alternativas sustentáveis, não seja eclipsada pela imagem tradicionalmente ligada à exploração petrolífera.
Ainda assim, as divergências internas são evidentes. Enquanto o Ministério de Minas e Energia pressiona pela adesão e por avanços em projetos de exploração, especialmente na Margem Equatorial, o Itamaraty e o Ministério do Meio Ambiente levantam bandeiras contrárias, denunciando potenciais riscos ambientais. O Ibama, responsável pela regulação ambiental, tem sido criticado por Lula por suas hesitações, acusando o instituto de atuar contra o governo ao não aprovar pesquisas de viabilidade econômica na região amazônica.
Frente a essas tensões, o futuro da entrada do Brasil na OPEP+ permanece incerto, refletindo os desafios que o país enfrenta ao tentar equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. As discussões atuais indicarão não apenas as diretrizes da política energética brasileira, mas também seu compromisso com as questões ambientais em um cenário global que exige uma abordagem mais equilibrada e sustentável.
