Historicamente, o Iraque tinha relações comerciais robustas com nações como o Brasil, destacando sua relevância no comércio internacional. A movimentação de carros e engenheiros entre os dois países era um reflexo do próspero intercâmbio econômico. No entanto, a invasão em 2003 desestruturou essas relações, culminando em um ciclo contínuo de desordem e caos.
A formação do Iraque, resultado do Acordo de Sykes-Picot após a Primeira Guerra Mundial, criou um estado com fronteiras artificiais que abriga uma população multicultural. Durante a governança de Saddam Hussein, a nação viveu um período de desenvolvimento nas décadas de 1970 e 1980. Entretanto, a queda deste regime deixou um vácuo de poder que rapidamente transformou o tecido social do país.
Marini destaca que a política de “desbaathização” promovida pelos EUA não apenas desmantelou a estrutura de governança, mas também marginalizou todos os aspectos da burocracia iraquiana, contribuindo para a ruína do Estado. Embora a especialista não defenda Saddam Hussein, ela critica a abordagem americana, que, segundo ela, careceu de uma compreensão clara da complexidade da situação no Iraque. Relatos de analistas do Departamento de Estado revelaram que o planejamento estratégico falhou, resultando em consequências desastrosas.
O legado da intervenção norte-americana é marcado por desordem econômica e psicológica. Com sanções que perduraram por mais de dez anos, o país enfrenta uma grave escassez de recursos essenciais, afetando diretamente a vida da população. O colapso do sistema de saúde é alarmante; não havia anestesia para procedimentos odontológicos devido às restrições econômicas severas.
Atualmente, o governo iraquiano luta para exercer controle total sobre seu território, marcado pela presença de diferentes grupos armados e conflitos étnicos que datam da origem do país. A situação social é crítica, com muitos cidadãos deslocados e vivendo em condições precárias.
A necessidade de diálogo e reconciliação entre as diversas etnias e grupos do Iraque é premente. Sem um esforço verdadeiro para encontrar um caminho comum, a instabilidade tende a se intensificar, enfraquecendo ainda mais as estruturas desse Estado já fragilizado. O futuro do Iraque permanece incerto, com a sombra da intervenção americana pairando sobre cada esquina de sua complexa realidade.