Em diálogo com analistas, ficou evidente que a atual gestão iraniana se consolidou como uma força resistente, visto que conseguiu se manter diante do poderio militar superior de seus adversários. O especialista Jorge Mortean observa que a história persa, rica e milenar, confere ao povo iraniano um senso de orgulho, dificultando a comparação com crises políticas em regiões vizinhas, como o Iraque.
Luiz Felipe Brandão Osório, vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, também ressalta que, embora todo governo esteja sujeito a críticas, é provável que os ataques externos tenham, na verdade, solidificado a posição do governo iraniano na percepção da população. Ambos os especialistas negam a possibilidade de uma ruptura similar à do Iraque e argumentam que as experiências traumáticas do passado moldaram a atual resistência política no Oriente Médio.
Analisando o futuro, as raízes históricas do sistema político iraniano revelam uma complexidade significativa. O golpe de 1953 que depôs o primeiro-ministro Mohammad Mossadegh estabeleceu uma monarquia autocrática que durou até a Revolução Islâmica de 1979. A narrativa de liberdade prometida por Ruhollah Khomeini na época não se concretizou e, 44 anos depois, continua a perturbar a política interna. Embora existam dissidentes no exílio com ideologias variadas, a falta de uma oposição unificada torna improvável uma transformação política significativa.
O contexto atual sugere que, apesar das pressões externas, o governo iraniano pode aproveitar a situação para se afirmar ainda mais internamente. O anúncio recente de um cessar-fogo entre os EUA e Israel poderia representar uma oportunidade para fortalecer alianças e traçar novos caminhos políticos, mas também mantém o potencial de escalada a qualquer momento, refletindo a tensão contínua na região.