Irã Abre Diálogo com AIEA, mas Limitações de Inspeções Persistem
Na próxima segunda-feira, o Irã dará mais um passo em direção à diplomacia ao receber um representante da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O encontro, esperado por analistas internacionais, visa reestabelecer negociações, mas já se destaca pela decisão do país de não incluir inspeções em suas instalações nucleares na pauta de discussões.
Esse movimento ocorre em meio a um cenário de crescentes tensões no Oriente Médio, intensificadas por ataques aéreos realizados por Israel em solo iraniano nos últimos meses. Tais ações foram intensificadas pela participação dos Estados Unidos, que alegadamente estavam envolvidos em bombardeios contra centros nucleares. Como resposta a essa série de violações de sua soberania, Teerã havia suspenso temporariamente sua colaboração com a AIEA, uma entidade vinculada à ONU que supervisiona a aplicação do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). O Irã é signatário desse acordo, enquanto Israel não o é, gerando um desequilíbrio nas relações.
A visita do representante da AIEA, prevista como um sinal positivo, indica que o Irã está aberto ao diálogo e disposto a discutir sua política nuclear. O vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, declarou que a intenção é promover conversas que respeitem a soberania nacional, limitando o acesso a informações e a presença de agentes inspeccionadores no país.
Recentemente, o Ministério das Relações Exteriores do Irã anunciou que uma delegação da AIEA seria recebida em Teerã para debater um futuro formato de cooperação. No entanto, segundo informações divulgadas, essas conversas se restringirão a diálogos entre os especialistas iranianos e membros da AIEA, sem qualquer possibilidade de acesso físico às instalações nucleares.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, também confirmou que o Irã expressou seu interesse em retomar as consultas técnicas. Apesar disso, a posição do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, que emitiu um decreto suspendendo a cooperação com a AIEA no início do último mês, ainda paira como um obstáculo significativo nas relações entre o país e a agência internacional.
Neste contexto de diplomacia cautelosa, observadores da política internacional aguardam os desdobramentos dessa nova fase de diálogo, que ocorre em meio a um ambiente de desconfiança mútua, mas que pode ser visto como um primeiro passo em direção a uma maior estabilidade na região.