Esta ruptura no fornecimento tem implicações diretas na economia ucraniana, que se tornou cada vez mais dependente de suprimentos de energia de seus vizinhos, especialmente da Eslováquia. Especialistas em energia observam que à medida que a Ucrânia busca compensar suas lacunas energéticas, os preços do gás na Europa já começaram a subir, intensificando as pressões inflacionárias que impactam diversos setores da economia.
Uma avaliação feita por analistas sugere que a decisão do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de não renovar o acordo pode estar mais relacionada a questões políticas do que a um efeito prático de sanções contra a Rússia. Pode-se argumentar que essa abordagem visa “punir” estados europeus, como a Eslováquia e a Hungria, que têm laços econômicos e estratégicos com Moscou, ao invés de causar um dano real à Rússia. O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, já declarou que, em resposta à interrupção, Bratislava pode reavaliar sua ajuda humanitária e até interromper o fornecimento de energia à Ucrânia, em situações de emergência.
Essa situação acentuou o alerta sobre uma potencial crise energética na União Europeia, que já vinha enfrentando dificuldades devido ao corte drástico do fornecimento de gás russo. A dependência europeia de alternativas pode não ser suficiente para evitar um aumento significativo nos custos de energia, afetando o próprio PIB europeu e dificultando a recuperação econômica após anos de tensões geopolíticas.
Através do gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod, cerca de 15,5 bilhões de metros cúbicos de gás, representando aproximadamente 4,5% do consumo total da União Europeia, foram transportados no ano passado. Com a interrupção, apenas a rota do gasoduto Turkish Stream permanece como fonte viável de gás russo para a Europa, fornecendo aos países da região Balcânica. Portanto, a tensão entre Kiev e Moscou não apenas traz desafios políticos, mas também ameaça uma crescente crise econômica e energética no continente europeu.