Mauro Cid, até o ano passado um dos colaboradores mais próximos de Bolsonaro, teve um papel central na condução da investigação da Polícia Federal que resultou nas acusações de tentativa de golpe de Estado contra o ex-mandatário. Sua delação surgiu após uma quebra de sigilo telemático e, posteriormente, em meio a um acordo de colaboração premiada com a PF, onde forneceu informações relevantes para a elucidação dos fatos.
Contudo, a defesa dos réus se prepara para questionar a credibilidade de Cid, cujos depoimentos têm sido minuciosamente analisados por seus advogados. A estratégia será apresentar o acordo de colaboração como vulnerável e fruto de coerção, considerando que Cid e sua família enfrentaram pressão intensa de investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes entre 2023 e 2024.
Durante o processo, Cid entregou diversas declarações em um total de nove depoimentos, mas seu comportamento muitas vezes indicou desconforto, especialmente quando solicitado a detalhar a trama golpista que se desenrolou após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022. Momentos de incerteza surgiram quando enfrentou ameaças de prisão durante uma audiência, levando-o a revelar informações que antes relutava em compartilhar.
Ademais, a delação de Cid foi corroborada por outros testemunhos, incluindo declarações de comandantes das Forças Armadas e dados coletados pela Polícia Federal. No entanto, se as defesas conseguirem desmantelar a credibilidade do testemunho de Cid, isso poderá desestabilizar a base das acusações formuladas pela Procuradoria-Geral da República, o que deixaria o futuro da investigação em uma situação delicada. O único sinal de hesitação entre os ministros do STF veio do ministro Luiz Fux, que expressou algumas dúvidas sobre a delação, mas isso ainda não se traduz em um consenso.
Diante desse cenário, as defesas vislumbram uma oportunidade de reverter a situação a favor de seus clientes, desafiando a narrativa que os envolve diretamente no arranjo golpista e tentando, assim, minar a influência da colaboração de Mauro Cid na investigação. O desfecho dessa semana de interrogatórios poderá ter implicações significativas no rumo dos processos judiciais contra Bolsonaro e seus aliados.